A Primeira Reforma do Glaspac Velho’73
Mas, antes, um pouco da história dele
A história do Velho’73 começou em 1969, quando foi fabricado o Fusca que lhe deu origem. Este Fusca, pertencente a uma professora, sofreu um acidente, tendo sua carroceria sido destruída em uma capotagem. Foi o primeiro buggy licenciado na cidade de Pelotas-RS
Em 1972, o segundo dono do Fusca comprou-o para fazer um buggy. Comprou o kit básico da Glaspac, com a carroceria e o parabrisa e fez a montagem. Como santoantônio, fez com tubos e joelhos de ferro fundido galvanizados (!!!).
Em 1973, com o risco de não ser renovado o licenciamento, o antigo dono colocou-o à venda.
Eu e meu irmão estávamos passando com nosso DKW na rua e vimos, no fundo da loja, aquele carro estranho. Nós estávamos negociando um Kandango para trabalho e aquele buggy abandonado lá no canto, nos chamou a atenção.
Negócio fechado, ele entrou para a nossa “frota” de veículos de trabalho. Ia onde os DKWs não entravam (eram dois DKWs na empresa).
Ele tinha rodas de aço e pneus pequenos (13″) de Corcel (diagonais, claro). Os bancos tinham sido retirados de um Dodge Polara SE, duros e desconfortáveis. Não tinha pintura (estava no gelcoat) e não tinha banco traseiro.
Em 1976, casei e fui com ele para Porto Alegre. Os dias de trabalho pesado tinham acabado para ele. Foi usado como jipe, andando em terra lavrada, estradas do interior, fora de estrada… Nesta época, ele estava com rodas maiores na traseira e com pneus aro 14″, de Dodge Dart (também diagonais e muito duros!).
A única foto de “corpo inteiro” do Velho, nesta época, é a que foi tirada em Santa Maria, no inverno de 1974, durante um Rally de regularidade, que durou três dias e três noites. Reparem no parachoque, que teria sido de um Chevrolet 1929, nos pneus de Corcel na dianteira e de Dodge Dart na traseira e no espelho “Formula 1”, lá no paralama esquerdo. Não dá pra ver direito, mas tem uma antena de rádio ali, no meio do capô, próximo ao parabrisa. Depois descobri que podia usar a estrutura de alumínio do parabrisa como antena, já que era “isolada” da carroceria.
A foto de 75 e uma mais atual. O buggy ficou bem melhor depois deste tempo e de todas estas reformas. Mas, para aquele cara ali, recém formado e solteiro, era o melhor carro do mundo! Mas também foi neste mesmo mês do Rally, que conheci o amor da minha vida. Eu já sabia disso, tanto que escrevi o nome dela no painel para dar sorte.
Tem mais alguma coisa sobre ele na Garagem do Planeta.
A Reforma – 1978
Em 1978, resolvi reformar, eu mesmo, o buggy, que já estava um pouco “prejudicado”, pelos anos de serviço rural. Como morava em um apartamento em Porto Alegre, levei-o, rodando, para Arroio Grande, no sul do Estado, onde tinha uma garagem à disposição para o serviço.
As fotos abaixo mostram ele desmanchado dentro da garagem que eu trabalhava em um fim de semana por mês, juntamente com um amigo local, um garoto que, infelizmente, faleceu em um acidente de carro. Meu amigo NECO, um pouco do teu espírito está neste carrinho!!!
O buggy foi totalmente desmontado, até o último parafuso! A primeira foto, abaixo, mostra o início da desmontagem, onde pode ser visto um remendo na traseira, resultado do primeiro acidente com o buggy. Como não havia, na época, quem trabalhasse com fibra em Pelotas, eu mesmo fiz o tal remendo, com um kit comprado em São Paulo.
Observe, nas primeiras fotos, que ainda estão abertos os espaços das sinaleiras traseiras da Variant e ele está sem as laterais. Nas seguintes, a evolução já tinha iniciado, tapando os furos das sinaleiras dianteiras de jipe. Na última foto, As rodas eram Scorro aro 13, com talas enormes e um ofset positivo exagerado! Usei por pouco tempo, pois não combinavam com o estilo do Buggy. Mas já tinha os espaçadores/adaptadores para as rodas 4×130 de liga leve que o acompanharam por um bom tempo.
Na segunda foto, o santoantônio comprado da Tander Car e que veio com uma cobertura de napa, retirada alguns anos depois para cromar.
Pronto na primeira reforma
Os bancos foram comprados em Porto Alegre e eram de uma Simca carreteira – estão nele até hoje, depois de uma reforma para ficarem mais confortáveis! Foram montados sobre trilhos “universais”, eliminando os trilhos do Fusca, permanecendo basculantes.
A foto a seguir mostra o Buggy já pintado, com as laterais coladas, novas rodas gaúchas, com o Dune Buggy na traseira e as sinaleiras de Fafá. Ainda não estava com o capô, mas neste mesmo verão já passeou bastante por Porto Alegre! Isto foi em março de 1983, concluindo a mais longa reforma do buggy. Também foram feitas algumas pequenas alterações na estética do buggy: o alisamento do capô, tirando uma marca em cunha muito feia, a colocação das sinaleiras traseiras do fusca “Fafá”, um pequeno rebaixamento no parabrisas e um corte nos paralamas dianteiros.
O parabrisa foi rebaixado retirando uma prancheta de alumínio na base e modificando a furação no capô para mais baixo.
Durante estas voltas todas, o Buggy (ou os pedaços dele…) era levado de um lado para o outro com esta carretinha feita sob medida em São Leopoldo-RS e que servia de “parquinho” para meus filhos.
“Percalços”
Durante esta reforma do Glaspac, a desmontagem foi total. O motor passou dos míseros 1300cc para “fantásticos” 1500cc, com dupla carburação e um distribuidor Aplic-Resolit centrífugo, além de um comando P3.
O chassi (plataforma), foi totalmente lixado, pintado com zarcão e emborrachamento (a pincel). Não ficou o melhor dos acabamentos, mas durou um bocado!
Todos os parafusos foram trocados por novos, zincados. Nesta troca, aconteceu uma história curiosa: na garagem onde estava sendo reformado, em Arroio Grande, ficaram duas caixas grandes, sendo uma com os parafusos velhos e outra com os novos. Porém estava sendo reformado um trator, na mesma garagem que eu trabalhava e, ao retornar no mês seguinte, TODOS os parafusos tinham sido utilizados no trator!!! Levei mais dois anos para “juntar” os pedaços, identificar os parafusos e remontar o pobre Buggy.
Finalmente, andando!
Esta foi a primeira grande reforma que o Velho´73 sofreu. Foi a primeira pintura, também, pois até aquele momento, ele contava somente com o gel coat original da fábrica. Esta pintura foi feita de uma maneira estranha, por um pintor portoalegrense, pois na época não existia PU, poliester e essas tintas modernas. Era Duco ou Sintético. Pois este pintor usou gel coat diluído em acetona para fazer um fundo e sobre este fundo, pintou com Duco. Funcionou durante anos, até a próxima reforma, sem criar pés de galinha e outros defeitos de pintura.
O motor 1500 com dupla carburação e o comando nervoso, fazia ele andar muito bem. As viagens podiam ser feitas com mais segurança, já que antes ele não passava de 80km/h e até ônibus me ultrapassava…
Ele já contava com rodas gauchinhas aro 15″ (com Dune Buggy) na traseira e 13″ na dianteira, fabricados pela empresa em que o Alemão de Bento Gonçalves trabalhava e que comprou depois da morte acidental do proprietário. Foi nesta época também a colocação de uma catraca na suspensão dianteira.
Mais sobre o Glaspac
O Buggy Glaspac foi o primeiro buggy brasileiro e foi totalmente “inspirado” no Meyers Manx. O primeiro modelo era quase idêntico e o segundo já tinha algumas alterações estéticas.
Aqui, no Planeta, tem um pouco da história do Glaspac e até uma pequena análise de estilo. Aparece por lá e confere!
Legal demais a história do velho 73, Carlão!!
hehe, ele tem muita história, algumas impublicáveis!