Existe Buggy Fabricado Antes de 1969 no Brasil?
Neste Planeta Buggy Responde #5, falamos sobre a existência de muitos buggies cuja documentação mostra ano de fabricação anterior a 1969.
Como isso é possível, se somente no final de 1969 começaram a ser fabricados os primeiros fiberglass dune buggies no Brasil?
Como Era Feito o Licenciamento de Buggies?
Nos primórdios da história buggista no Brasil, os buggies eram licenciados como alteração de característica, logo, a documentação permanecia com os dados do veículo doador.
O Velho’73, por exemplo, tem documentação com ano de fabricação 1969. Pela numeração do chassi, que permaneceu inalterada, ele foi fabricado em fevereiro de 1969.
Não há nenhuma referência de quando foi feita a alteração para buggy. Eu sei porque quando comprei, em 1973, o ex-proprietário deu-me todos os documentos, inclusive a nota fiscal de compra da carroceria, em 1972.
O Documento do Velho’73
Como pode ser visto no documento do Glaspac, toda a informação é exatamente a mesma do carro doador, inclusive a capacidade de 5 passageiros, o que leva à necessidade de cinco cintos de segurança. Isso poderia ser (e ainda pode) alterado para quatro passageiros, mas… tá bom assim.
Na Espécie/Tipo, está registrado PAS/AUTOMOVEL/BUGGY e na Marca/Modelo VW/GLASPAC. Nas observações, o número do motor foi colocado posteriormente e ainda preserva a mesma carcaça 1300cc (BF)
Na Década de 80
Em algum momento, os Detrans estaduais começaram a registrar como Ano/Modelo, o ano em que aconteceu a transformação.
O problema (a dor de cabeça) que muitos proprietários de buggies encontraram, foi que, a partir da publicação da portaria 23/2001 do Denatran, a diferença entre Ano/Fabricação e Ano/Modelo não pode ser superior a um ano.
Quando a transferência é dentro do mesmo estado, a coisa é mais simples, mas quando há troca de estado, vais perder algum tempo e uma graninha extra. Confere com um despachante antes de fechar o negócio. Se teu buggy está nesta situação, procura um despachante e já acomoda. De repente, algum burocrata impede esta alteração no futuro…
Ah, Governos e Arrecadação…
Logo após isso, os governos deram-se conta que poderiam fazer com que estas alterações de características servissem para mais arrecadação, logo, colocaram o Ano/Modelo e Ano/Fabricação na data da alteração. Ou seja, com um Fusca velho sendo transformado milagrosamente em um veículo 0km.
A Resolução 916/2022 traz algumas novidades sobre isso. Colocando a exigência que todos os fabricantes ou montadores de veículos (buggies incluídos) a terem seu próprio código Marca/Modelo/Versão, que é adquirido depois de muita burocracia. Então, mesmo utilizando mecânica usada, são veículos zero km.
E a Montagem em “Casa”?
Apesar das resoluções informarem da possibilidade de alteração de característica de um carro para um buggy, esta é uma tarefa quase impossível, pelos custos envolvidos. Vai envolver empresas de engenharia especializadas, controle das peças adquiridas, sendo que algumas precisam ser novas.
Enfim, quer fazer um buggy “novo”? Compra um detonado e restaura. Vai sair muito mais barato. Mas não exatamente barato.
Afinal, Existe Buggy Fabricado Antes de 1969?
Não existe buggy fabricado antes de 1969. Existem Fuscas doadores fabricados antes de 1969 e que foram utilizados para fazer buggies depois desta data, quando os kits começaram a ser vendidos.
Muda Alguma Coisa Saber Isso?
Claro que não, mas é assunto para reuniões de buggistas, para salão de barbeiro, para o churrasco com os amigos… E divertir-se quando ver um vídeo de um famoso nas redes, dizendo do buggy 1961 que ele comprou ou restaurou.
O Planeta Responde
O Planeta Buggy tem uma série de postagens com respostas a várias dúvidas, como esta que responde se existe buggy fabricado antes de 1969 (no Brasil, claro). Dá uma olhada por lá, clicando na imagem a seguir.
Se tens alguma dúvida sobre buggies, comenta ali embaixo ou manda para a gente pelo email beco@planetabuggy.com.br ou no grupo do Planeta no Facebook.
Se o Planeta souber, fará uma nova postagem sobre o assunto.
Muito legal mesmo a matéria, Carlinhos!