Barra antirrolagem no buggy
Este é um assunto que, volta e meia, reaparece nos espaços do Planeta Buggy. Quase sempre, com apaixonadas defesas de uso ou de não uso.
A última referência foi em uma postagem recente, que tratava de “coisinhas” importantes em um buggy.
Mas, enquanto não chegamos a uma conclusão entre nós mesmos, por que não perguntar a quem entende do assunto?
Bob Sharp é um jornalista especializado em automobilismo, que foi um piloto de sucesso por mais de 25 anos e chefe do departamento de competições da VW na década de 80.
Com este currículo, ele fala mais adiante sobre a barra antirrolagem do Fusca.
Revista Carro (http://www.revistacarro.com.br/)
A Revista Carro, é uma publicação online que todo maluco por carros deveria acompanhar. Apresenta testes, comparativos, história, dicas de mecânicas e muito mais.
Na revista, também tem uma área para perguntas dos leitores, chamada Correio Técnico e é nesta área que Bob Sharp responde às perguntas sobre dúvidas técnicas em carros. E foi justamente aí que o Planeta perguntou sobre a barra antirrolagem.
A pergunta
Minha dúvida é sobre a barra antirrolagem dianteira, que o povo costuma chamar de barra estabilizadora, em um buggy com plataforma de Fusca. Em um Fusca, até faz algum sentido, mas em um buggy, com a metade do peso na dianteira? Os americanos costumam retirar a tal barra de seus buggies, alegando que a suspensão passa a ser independente. Tirei do meu há uns 40 anos e não sinto falta dela. Mas gostaria da tua opinião como um dos jornalistas que mais entende de carros neste país.
Carlos Vaz da Silva
A resposta
https://revistacarro.com.br/correio-tecnico-qual-e-a-funcao-da-barra-antirrolagem/
Correio Técnico: Qual é a função da barra antirrolagem?
Bob Sharp – Consultor técnico da Revista Carro
Uma coisa que a maioria das pessoas imagina é que a barra antirrolagem é elemento integral da suspensão: não é, exceto na suspensão McPherson de conceito original, em que a barra é também elemento de localização longitudinal da roda, como no Simca Chambord e nos Fiat 147 e Uno até 1989.
A função precípua da barra antirrolagem é o que seu nome diz, controlar ou reduzir a rolagem do veículo nas curvas. Apenas isso. Mas ao fazê-lo ocorre mudança de comportamento do carro nas curvas. Por exemplo, um eixo que não tem barra, ao se adicionar uma a rolagem diminui, mas aquele eixo passa a desgarrar mais do que antes e dependendo da intensidade do desgarre, equilibra o carro. O eixo desgarra mais porque a transferência de peso para a roda externa nas curvas aumenta com a barra.
Foi por isso que o Fusca, nascido sem a barra, recebeu uma em 1960. Passou a sair menos de traseira, uma vez que a dianteira passou a sair mais.
No seu buggy, a barra é aconselhável só no caso de você achar que ele tem tendência a escapar de traseira. Caso não, ela é totalmente dispensável.
Quando eu corria de Opala eu retirava a barra antirrolagem traseira. Além de o carro ficar mais neutro (apesar de rolar mais), a menor transferência de peso para a roda traseira (motriz) externa me resultava em maior aderência na roda interna, evitando quase completamente perda de tração, o que me permitia acelerar antes.
O motivo de os americanos retirarem a barra é para aumentar o curso da suspensão — a barra sempre o limita um pouco — o que é melhor no off-road. Mas mesmo com a barra no lugar a suspensão é independente. Bobagem pura, dizer que sem a barra “a suspensão passa a ser independente”.
Veículos off-road sofisticados, como os Land Rover, têm sistema de desacoplar a barra para trafegar em terreno acidentado justamente para garantia de contato das rodas com o solo.
Note que a barra compensadora na suspensão traseira do Fusca, com as pontas cada uma virada para um lado, tem função inversa à da barra antirrolagem. Ela existe exatamente para fazer o carro rolar mais e, com isso, a roda interna aumentar a pressão sobre o solo e, desse modo, diminuir a tendência a sair de traseira.
Comentários do Planeta
O artigo original pode ser lido neste link. Aproveita e já passeia pelo site, que é fantástico, tem muita informação interessante e lembra muito as publicações mais antigas, que falavam de carros, mostravam detalhes técnicos e muita coisa legal. Atualmente, as revistas impressas ficaram “suaves” demais, só mostrando lançamentos de grandes montadoras.
Sobre a barra antirrolagem, o que Bob Sharp diz faz todo o sentido. Não foram os engenheiros que fizeram o Fusca que a colocaram lá. Foram outros engenheiros, décadas depois, que colocaram para corrigir uma característica indesejada do carrinho, a saída de traseira.
Ora, buggies não saem de traseira, mas sim de dianteira, pois não é o mesmo carro, não é um Fusca, já que sofreu grandes alterações na sua geometria, no seu entre-eixos, nas características das rodas e pneus. Enfim, grandes alterações, que acabaram tendo grandes repercussões em seu desempenho. Principalmente, saindo de dianteira e não de traseira como o Fusca.
Barra estabilizadora
Talvez um dos motivos que muita gente não retira a barra, é justamente por ser chamada de “estabilizadora”. Ora, quem tiraria algo que promove a estabilidade do carro?
A verdade é que não é uma barra estabilizadora, mas sim uma barra antirrolagem.
Serve para teu buggy?
Bem, ela é relativamente fácil de retirar e de recolocar. Por que não experimentar um final de semana sem uso extremo? Para ver como teu buggy se comporta?
Também é interessante salientar que o Buggyman somente dirigiu buggies com plataforma de Fusca (e um Gurgel, mas que também estava sem a barra). Talvez seja diferente em buggies com chassi tubular.
Comenta aí embaixo sobre este artigo do Bob Sharp e sobre como você vê esta situação.
A foto abaixo é um recorte de uma foto do buggy do Era Gonzaga. Para mostrar a barra, a imagem acabou estourando um pouco. Desculpa Era, destruí tua imagem!
Se tirar, o que fazer com ela?
Em algum livro gringo, vi que o autor retirou a barra e usou para reforçar os tubos da direção, que se torcem com grande facilidade em uma trilha. O diâmetro dela parece ter sido feito para entrar ali! Só cortar no tamanho correto e dar um pontinho de solda para não ficar fazendo barulhos…
O que mais?
Sobre suspensão, o Planeta tem alguma coisa:
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Bom dia. Sobre este assunto, eu diria que depende da situação e do carro. Sei que o artigo fala de Fuscas e buggies com chassi de Fusca, mas gostaria de dar minha opinião também, para referência. Quem leu a história do meu buggy (https://planetabuggy.forumeiros.com/t5824p25-conte-a-historia-do-seu-buggy-aqui#97625) sabe que ele é chassi tubular e que eu tive muitos problemas, e um deles era a estabilidade. Fiz muitas alterações na suspensão até achar que o comportamento dinâmico do buggy estava razoável (ainda sinto alguma coisa estranha, mas acho que é pedir demais de um carro todo adaptado…). Entre estas alterações, a colocação da barra. No meu caso, senti uma boa melhora no conforto e principalmente na estabilidade. É certo que fiz várias coisas na suspensão, sempre tentando melhorar, mas esta me marcou, por que eu estava com medo de andar no buggy. Depois da barra, tudo mudou. A frente não ficava mais solta e “boba”. Enfim, este assunto é meio polêmico, mas na minha modesta opinião, depende de cada caso.
[]’s
Por isso, a referência de que cada buggy tem seu comportamento e deve ser analisada a retirada ou recolocação da barra. Mas, como disse o Bob, não tem a ver com estabilidade, porque ela não tem ação alguma em linha reta, somente em curvas, já que é acionada pelo movimento do braço da suspensão. Em linha reta, estes braços terão exatamente a mesma movimentação (a não ser que estejas em uma trilha, aí, é até melhor, pois a suspensão vai “desenhando” o trajeto).
Enfim, se ficou melhor com a barra, ótimo! Como tens chassi tubular, não deveria ter problema de cáster, mas… chegastes a ver isso?
E é, sim, bem polêmico. Por isso o registro da situação dos buggies com chassi de Fusca. Parece que os Emis também tem o mesmo comportamento dos com plataforma de Fusca, talvez porque o desenho dele o deixe um pouco mais flexível que os que têm chassi tubular.
Corrigindo….* O meu não tem e sempre pensei em colocar……. hehehe
Oohhh Carlão, tá aí uma dúvida que eu tinha, o meu não tem sempre pensava em colocar, vou deixar assim mesmo!!!, Muito esclarecedor, obrigado!!
pois é. Bob tirou muitas dúvidas e inclusive eu também pensava na história da “suspensão independente”. Mas gostei das explicações técnicas dele. Agora vai ser difícil alguém me convencer o contrário! Até pode, pois sou um cara aberto a discussões com sentido.