Super Bug Glaspac
Com este pomposo nome, este buggy foi apresentado como protótipo, na edição 143 da revista 4Rodas em 1972.
As imagens a seguir são da revista 4Rodas, recuperadas do site Lorena GT (online em março de 2023), com transcrição feita pelo Planeta a seguir.
A Transcrição do Texto da 4Rodas
Mais um bug (sic) surge no mercado brasileiro: o Super Bug Glaspac, fabricado em São Paulo pela Glaspac. Parecendo mais um carro esporte do que um bug convencional, ele se destaca por suas linhas aerodinâmicas, com a frente baixa em forma de cunha e a traseira com um santoantônio tipo targa (semelhante ao do Porsche Targa) integrado na carroceria. Visto de lado, o carro é curto e baixo e a linha lateral da “cintura” descreve uma curva cuja parte mais alta é a do meio, onde ficam as portas (pouco comuns em bugs) de formato original e funcionamento curioso: para abri-las, basta puxar um botão no interior do carro que aciona um mecanismo automático de molas. E faz com que elas se levantem.
A Mecânica e o Veneno
Como qualquer outro bug, o Super tem carroçaria de fibra de vidro montada sobre a plataforma de um Volkswagen. A distância entre eixos foi encurtada em 38cm e tanto a suspensão – dianteira e traseira independentes – como o motor são também VW.
No protótipo do Super Bug Glaspac testado por nós, a mecânica original foi pouco modificada: rodas mais largas, suspensão traseira rebaixada e motor mais forte e potente com a montagem de um kitão – conjunto de pistões e cilindros da Vicsa (Ind. Villares) – que elevou a cilindrada para pouco mais de 1800cc. Mas esse envenenamento do motor é apenas uma sugestão do fabricante, pois o bug poderá ser equipado também com motores 1300 ou 1500 de série, ou qualquer outro com mais veneno do que o que estava no protótipo (com 2000cc, dupla carburação importada, comandos de válvulas e cilindros especiais, sistema de refrigeração a óleo mais elaborado, virabrequim roletado, produzindo 80HP ou mais de potência e fazendo o carro alcançar de 150 a 160km/h).
Mas a preparação maior ou menor de um bug depende do gosto e da disponibilidade financeira do comprador, pois o fabricante geralmente se interessa em vender a carroceria e manda fazer a parte mecânica numa oficina especializada qualquer, de sua preferência ou indicada pelo comprador.
Bugs e Sorvetes
O fabricante do Super bug é a Indústria de Plástico Reforçado Glaspac Ltda. (Rua Manuel Preto, 870, Santo Amaro, São Paulo), especializada em manufatura de peças de fiberglass. A fábrica existe desde 1962 e seu diretor, Donald Pacey, foi o primeiro fabricante de autênticos bugs no Brasil. O Bug Glaspac foi lançado em novembro de 1969 e Donald orgulha-se de ter vendido um deles ao corredor inglês Graham Hill, ex-campeão mundial de Fórmula 1, e de ter exportado outros para o Líbano, o Paraguai e o Uruguai.
Do Bug Glaspac foram fabricadas 460 unidades até julho deste ano e o modelo continuará sendo produzido ao lado do mais sofisticado e caro Super Bug Glaspac. Mas os bugs são apenas um dos produtos da Glaspac, que fabrica também pranchas de surfe, carrocerias especiais para o pickup Chevrolet (usadas pelas Indústrias Pignatari, na Bahia), peças moldadas para o novo Volks esporte, peças para a Ford, a Caterpillar, a Mercedes-Benz e a Skol. E ainda carrinhos de sorvete para a Kibon e a Rico.
Com a mesma ideia que originou a criação de outros bugs nacionais, como Woody Sport, o Bugre SS e o Adamo, Donald Pacey decidiu aplicar sua experiência no projeto de um carro de concepção e mecânica idênticas às de um bug normal e que ao mesmo tempo tivesse “personalidade” de carro esportivo. Surgiu assim o Super Bug, com uma carroçaria mais completa, mais conforto e mais velocidade do que um bug comum.
A Carroçaria
As principais diferenças entre Super e um bug convencional são, além das linhas do novo carro, suas portas, seu pequeno porta-malas dianteiro, a tampa traseira do compartimento do motor, os para-lamas envolventes (também revestidos internamente) e o interior mais bem acabado, embora só haja lugar para duas pessoas.
O painel, por seu desenho e pela variedade de instrumentos, parece o de um carro de luxo, apesar de não ser acolchoado (é também de fibra de vidro). Em frente ao pequeno volante esportivo Fórmula 1 forrado de couro, estão sete mostradores redondos. Os dois maiores são o velocímetro e o conta-giros, ladeados à esquerda por um termômetro de óleo e um marcador de pressão de óleo; e, à direita, por um amperímetro (indicador da carga da bateria) e um vacuômetro (instrumento que ajuda a economizar combustível). No centro do painel há ainda quatro luzes de aviso em cores diferentes, para indicar o funcionamento do pisca-pisca, do farol alto, a pressão de óleo do motor e o dínamo. O indicador do nível de gasolina está entre os dois mostradores grandes.
A posição do volante é muito boa e os assentos, em forma de concha, basculantes e forrados de Courvin, apoiam bem o corpo e não provocam cansaço, mesmo em viagens longas. Pequenos objetos podem ser guardados nos vãos do interior das portas e a bagagem é acomodável na traseira, que se alcança facilmente, pois os assentos são basculantes. O santoantônio é fixo e seus prolongamentos laterais, que se estendem sobre a traseira do carro, servem de moldura ao vidro traseiro.
O para-brisa é bastante inclinado, a fim de dar melhor aerodinâmica e permitir maior velocidade máxima. É plano e permite boa visibilidade, mesmo em dias de chuva. O vão entre o para-brisa e o santoantônio é pequeno e pode ser fechado com uma pequena capota, de fácil colocação. As janelas laterais foram substituídas também por uma espécie de capota cuja parte central é de plástico transparente.
O Desempenho
Chegamos a correr com o Super Bug a uns 140km/h, sem que ele deixasse de inspirar confiança. Sua estabilidade direcional na estrada é boa e nas curvas podemos atingir também excelentes velocidades médias. Como todo bug, o carro é firme e tem estabilidade neutra. Só em velocidades muito elevadas é que mostra tendência de derrapar com as rodas traseiras. Mas, em qualquer situação o motorista poderá se sentir seguro no Super Bug: em circunstância alguma ele ameaça capotar.
O carro que testamos é o primeiro protótipo construído pelo fabricante e por isso ainda mostra algumas falhas de acabamento, que não deverão aparecer nas unidades destinadas à venda. A capota e o revestimento lateral que substitui as janelas soltaram-se quando o carro estava em alta velocidade e, quando choveu, entrou muita água. A carroceria também precisa de melhor ajuste. Tudo isso, porém, Donald Pacey promete corrigir até novembro, quando o Super Bug será lançado oficialmente no Salão do Automóvel. Até lá, ele deverá ter uma capota de fibra de vidro para substituir a de lona, as laterais serão moldadas com janelas de plexiglass e deverão estar acertados diversos pequenos detalhes, como a ausência de dobradiças na tampa do motor.
O Super Bug pode ser vendido desmontado, em kit, incluindo rodas, pneus (como a maioria dos bugs, o Super não tem estepe) e todos os demais acessórios. Nesse caso, seu preço deverá ser de Cr$ 10.000,00 aproximadamente. O chassi, o motor e a suspensão ficam por conta do comprador, que economizará bastante se utilizar a mecânica de um Volkswagen usado. Assim, incluído o serviço de montagem, o carro ficará por uns Cr$ 17.000,00. Mas, se for equipado com mecânica “zero km”, seu custo se elevará a uns Cr$ 20.000,00.
Embora seja um preço um pouco elevado para um bug, deve-se levar em conta que esse não é um modelo convencional: ainda que mostre algumas das qualidades espartanas típicas de bug, o Super também dará ao seu dono algumas comodidades de um carro esporte.
Comentário do Planeta
Não encontrei notícia alguma da produção em série do Super Bug Glaspac. Provavelmente, tratou-se de uma carroceria original do Manx SR, adquirida nos EUA e montada aqui, para servir de balão de ensaio do mercado.
Também não achei notícia sobre a apresentação deste modelo no Salão do Automóvel de 1972. Se alguém souber, avisa ali nos comentários.
Bruce Meyers disse que fez a carroceria com formas muito complexas, de maneira a dificultar a cópia. Ironicamente, esta também foi uma das razões para ele próprio ter feito relativamente poucas unidades, pelo alto custo envolvido.
Talvez, também por isso, o Super Bug Glaspac não tenha passado de um protótipo.
A seguir, algumas imagens do Manx SR, que estavam no site Old Bug e que é de um colecionador. “Lambo doors” antes da Lambo!
Na reportagem há uma referência ao fato de não ter dobradiças no capô traseiro. No original não tinha, o capô era retirado para ter acesso ao motor.
Conheça O Buggy Glaspac no Planeta
Clica na imagem abaixo para conhecer um pouco da história da Glaspac. Como sempre, se tens algo a acrescentar, alguma informação sobre o Super Bug Glaspac ou qualquer outro buggy, manda ali embaixo nos comentários, no Fórum ou no Grupo do Facebook.
Muito legal esse vermelho do colecionador.
estava à venda por 15.500 dólares, mas aceitava ofertas. Achei barato, até para os padrões gringos.