Gurgel Xavante X12 – Clássico do Planeta Buggy
A discussão sobre o Gurgel ser um buggy ou um jipe é longa. No entanto, para o Planeta Buggy (para mim, o déspota do pedaço), o uso define a função.
E os primeiros modelos da Gurgel poderiam ser enquadrados como buggies, pois ainda não tinham a resistência necessária para ser um jipe.
O primeiro deles, Macan 1200, como o próprio nome diz, tinha o motor 1200, de 36CV, utilizava a plataforma do Fusca e tinha cara de buggy.
Vinha em quatro versões, Enseada, Ipanema, Augusta e Xavante.
Gurgel Bugato
Sim, a Gurgel fabricou um buggy, baseado no mesmo desenho do Mecan 1200, mas com diferenças na dianteira, faróis salientes como outros buggies e um estilo que lembrava um carro antigo, com grade de “radiador” e tudo mais.
Este buggy apareceu em um filme do Roberto Carlos. 20 unidades foram vendidas em forma de kits, mas não se sabe de nenhum rodando por aí. Se souber, avisa lá embaixo, nos comentários.
Gurgel QT
Logo após o Macan, Gurgel fez o QT, basicamente o mesmo carro com pequenas alterações.
Mas, insatisfeito com a plataforma do fusca, Gurgel fez o Xavante XT-73.
Gurgel Xavante XT-73
No antigo site do Planeta, o Gurgel da foto abaixo aparecia como X10, mas é um lendário XT-73, com as linhas básicas do QT. Sim, parece que teve um XT-72, mas não tenho detalhes.
A grande diferença entre eles, é que o XT já utilizava um chassi de tubos metálicos, enquanto o QT era montado sobre a plataforma do Fusca.
Outras coisas mudaram na mecânica. A suspensão dianteira continuava sendo a do Fusca, mas com os suportes colocados mais nas extremidades, dando maior resistência ao conjunto.
Na suspensão traseira, foram colocadas molas helicoidais, substituindo as barras de torção do Fusca. O entre-eixos era 38cm menor que o do Fusca. Medidas de um buggy…
XTR, XTC
Só os aficionados da marca conhecem todos estes modelos. Eu mesmo tenho dificuldades em acompanhar as nuances entre eles. Para isso pesquisei um pouco.
O XTR (R de “rebaixado”) foi feito para a cidade. O mesmo desenho, mas com um corte mais baixo da abertura da porta. Pensou que o Gurgel tinha rebaixado a suspensão, não foi?
Enfim, um carro para ser fácil de entrar e sair quando estivesse com a capota.
O XTC (C de “conforto”) teve suas medidas ampliadas, com portas maiores (e sem a pá na lateral por conta disso), novos bancos, painel na frente do motorista, maior porta-malas, rodas maiores e outras coisinhas. Até o XTC, o estepe estava sobre o capô do porta-malas.
Gurgel X12
Finalmente, chegamos ao X12.
O X12 permaneceu no mercado por vários anos. Os primeiros foram produzidos de 1975 até 1979 e é o modelo Clássico do Planeta Buggy. Posteriormente, teve outros dois modelos do X12, mas não são o foco do Planeta por serem, estes sim, bem jipes!
Segundo o site Clube Gurgel, este modelo foi feito por encomenda das Forças Armadas. Conheço uma carcaça com identificação da Marinha Brasileira, que está em uma oficina.
Este era o meu Gurgel X12. Comprei para dar uma folga ao Velho’73 nas andanças por trilhas e dunas. Mas, como deixei de fazer isso, vendi depois de uma pintura muito legal.
O Estilo
Comparando com os modelos anteriores, este é um estilo bem diferente.
A Dianteira
Começando pela dianteira, que ficou mais alta e o estepe no interior do porta-malas, como no X10.
Os parachoques passaram a ser de fibra de vidro, incorporados na carroceria, com um reforço de aço, onde também se apoiava o guincho mecânico.
Os faróis continuam sendo os de equipamento agrícola, com 130mm de diâmetro, mas apenas um de cada lado e o guincho manual no centro, que era apenas um esticador de cabo de aço, muito usado, na época, para prender cargas em caminhões. Eficiente, tinha 25 metros de cabo. Neste modelo, o guincho ficou um pouco mais para dentro que no X10.
O ângulo de entrada era grande, o que permitia superar obstáculos com certa facilidade.
O parabrisa basculante tinha soluções interessantes, como o motor do limpador fixado a ele e basculando junto. Esta solução já estava presente nos modelos anteriores.
Ao invés de largar o parabrisa sobre batentes de borracha no capô, como nos jipes e em alguns buggies, a Gurgel tinha um sistema de engate com hastes que ficavam encaixadas na moldura do parabrisa através de molas. Quando rebatido, estas hastes se encaixavam nos protetores dos faróis, simples mas funcional. No meu, como já não tinha estes protetores, adaptei nos paralamas.
Ainda na dianteira, um “peito de aço” protegia a suspensão dianteira e dava o devido suporte ao guincho manual.
A Lateral
A grande abertura das portas e a possibilidade de retirá-las davam grande acesso ao interior e à diversão.
A entrada de ar, que no modelo anterior ficava após o paralama traseiro, passou para a frente e parece ter ficado com aquele espaço melhor utilizado, com um amplo paralama.
A Traseira
Boas soluções neste ponto. Na esquerda, a existência de uma cavidade para colocar um galão de gasolina bem ao estilo militar.
No outro lado, a saída do filtro de ar de bom tamanho e localização, apropriada para uso no fora-de-estrada.
O Interior
Simples como todo buggy (hehe), o interior do Gurgel X12 tinha um porta-luvas fechado, instrumentos básicos e, entre os bancos dianteiros, o seletraction, que é uma espécie de bloqueador individual das rodas traseiras, permitindo sair mais facilmente de atoleiros.
Já os bancos dianteiros tinham um suporte interessante. Ao contrário dos bancos comuns, que tem quatro apoios, os do Gurgel X12 tinham apenas três, sendo o traseiro, um ponto único, com trava.
Estranho, mas dava uma certa flexibilidade no banco, especialmente em trilhas mais pesadas, melhorando o conforto.
A Capota
A capota flexível era muito bem feita e bem estilo jipe, com sanefas auto-enroláveis e uma barra tencionadora para manter o espaço do banco traseiro.
Era encaixada em um trilho na parte superior do parabrisa e os engates laterais não eram com tramelas, mas apenas ilhoses encaixados em parafusos com cabeça grande, fixados na carroceria. Funcional!
Na imagem a seguir, do Gurgel do Basso, dá para ver os encaixes no parabrisa e a barra tensionadora na traseira, deixando a capota “quadrada”.
Considerações Finais
Não sou um especialista em Gurgel (aliás, em nenhum carro), então algumas informações podem ter equívocos. Se achar algum, comenta ali embaixo!
Claro que tiveram outros modelos do X12, mas não com o mesmo estilo e mais parecidos com jipes.
As fontes deste texto principais foram: Enciclopédia do Automóvel, Editora Abril Cultural, 1972; Gurgel Clube; Alexander Gromow, Lexicar.
Conheça os Outros Clássicos do Planeta
São dez os Clássicos do Planetam entre eles, o Gurgel Xavante X12. Em uma terra onde dezenas, talvez centenas, de marcas estiveram presentes, o status de Clássico não é para qualquer um!
Dá uma olhada na postagem índice dos Clássicos do Planeta e conheça estas maravilhas! Lembra que não estão em ordem de importância, mas simplesmente na ordem que foi montada a página original.
“Não sou um especialista em Gurgel (aliás, em nenhum carro), então algumas informações podem ter equívocos.” Um dos melhores textos que já li sobre esta história para alguém que se declara não especialista diante de tantos outros especialistas recheados de equívocos – muito bom! Desde os 15 anos o Gurgel foi introduzido na minha vida, possuindo o primeiro com 19, e no decorrer dos anos passando por outros. Hoje, com quase 60 anos tenho um X12 Lona 77, e não porque é meu, sim porque dei a sorte de encontrar um modelo íntegro, original e com baixíssima km em 2020, certo de como eram constituídos estes modelos, rodo num ótimo e raro exemplar. Alguns veículos pela vida, nunca um buggy (alguma frustração aqui), que por algum motivo não deu certo. E não que não tenha tentado. Ainda penso justamente neste modelo com faróis agrícolas (cromados), frente baixa, pneus de avião, lindo conforme se mostravam nos anos 70… Ah, com lanternas traseiras de Opala. Parabéns Planeta Buggy!
Tem um Gurgel Bugato branco igual esse da foto acima rodando aqui na minha cidade . Muito inteiro por sinal.Como foram fabricados somente 30 unidades,esse é uma reliquia. Cachoeiro de Itapemirim – ES
Muito raro! Se conseguires o contato do dono, o Planeta ficaria orgulhoso em colocá-lo no Acervo Virtual!
Hace algunos años poseo un Gurgel Xavante X12, cuando lo encontré estaba modificado y comencé a tratar de restaurarlo por múltiples razones llevo 8 años tratando de dejarlo en su estado original. He encontrado información en las páginas de Brasil y con ellos he tratado de reconstruirlo así como algunos de estos vehículos que aún se encuentran en Colombia. Agradecería si alguien me puede enviar información o dimensiones del funcionamiento del sistema para el abatimiento del parabrisas. En cuanto lo terminé estaré compartiendo fotos del estado en el que se encontraba toda la reconstrucción que le he hecho y el estado final cuando lo termine de restaurar
Confirmei, não é um Bugato, desconsiderem
Em Niterói tem um Bugato