No site em outubro de 2005
No Litoral Sul do RS – O Deserto Molhado
A estreita faixa de areia que separa a Lagoa dos Patos do Oceano Atlântico, esconde muitas belezas. Podemos chamar de Litoral Sul do RS, embora ainda exista mais litoral abaixo de Rio Grande. “Litoral Médio” é esquisito…
É ali que está o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, entre Tavares e Mostardas, sendo caminho de aves migratórias que fazem a beleza do local ainda maior nos períodos migratórios de cisnes, flamingos e uma infinidade de aves. De maio até agosto, principalmente.
É uma praia infinita de areia firme, que permite o trânsito de veículos quase o ano todo. Mas, claro, no verão fica muito melhor!
Estrada do Inferno
Nesta região, até o início deste século, era possível transitar apenas pela faixa de areia ou em uma estrada não pavimentada, de péssima qualidade, a chamada “Estrada do Inferno”.
Passamos por ela em alguns trechos. Para alguns ambientalistas, asfaltar aquela estrada seria uma agressão. Mas a estrada não pavimentada chegava a ter 400m de largura em alguns pontos, pois os veículos iam “escolhendo” o melhor caminho e causando ainda mais estragos.
Felizmente, hoje (2022) a RS101 é asfaltada e permite acesso fácil a qualquer ponto deste litoral sul do RS.
Mas, mesmo com este asfalto, evita transitar à noite, pois frequentemente aparecem desmoronamentos na pista (feita sobre areia) e pode ser bem perigoso.
Pequenas cidades com arquitetura portuguesa, como Mostardas e Tavares são momentos a serem desfrutados neste percurso. Não faça em uma única tocada! Durma uma noite em Tavares, que tem uma pousada muito legal, com boa comida e hospitalidade garantidas.
Dedica um tempo para visitar o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. E não esqueça a máquina fotográfica.
O Início do Passeio
Após chegar em São José do Norte, via balsa desde Rio Grande, um rápido passeio pela cidade, com abastecimento. É o momento de comprar gelo também.
São José do Norte, ou “Norte” como os nativos chamam, é uma cidade pequena, que sobrevive da pesca e da plantação de cebola. Infelizmente, é uma cidade com muita violência por conta do tráfico e da falta de oportunidades.
Para a Areia e Avante!
De São José do Norte, saímos pela RS101, até o melhor acesso à beira do mar, na localidade chamada “Estreito”. Este pequeno trecho já estava asfaltado nesta época.
No Estreito, auxiliamos uma equipe do Jornal Zero Hora a atravessar, pois o motorista não era muito acostumado com areião.
Na última foto, o Joca, fazendo sua ultrapassagem, sem problemas.
Farol da Conceição
Um impressionante farol de concreto, derrubado pelas marés de incontáveis gerações. Atrás, o moderno (e feio) farol de aço. No Litoral Sul do RS tem muitos destes faróis.
E pé na estrada! ops, rodas na areia da praia…
Lagoa do Peixe
A barra da Lagoa do Peixe estava aberta (não deixando passar veículos). Fizemos o contorno da Lagoa, aproveitando um pouco mais do visual.
A Lagoa do Peixe – na verdade, uma laguna – tem uma comunicação com o mar que se fecha de tempos em tempos.
Quando se diz que a barra está “aberta”, é porque tem água do mar circulando entre o mar e a laguna.
Quando a barra está aberta, é preciso fazer a volta na Lagoa do Peixe, o que não é ruim, pois é um lugar muito bonito.
E tiramos, novamente, a equipe da Zero Hora do sufoco… O velho’73 estava fazendo pose demais nesta viagem… E, Eraldo, este buggy não é a álcool!!! tá bebendo o que???
Tartaruga de Couro
Esta enorme criatura é uma “tartaruga de couro” (Dermochelys coriacea). Pode atingir até dois metros de comprimento e 700 quilos.
É uma espécie em risco de extinção e a quantidade delas encontradas mortas nestas praias é impressionante.
Este foi o maior exemplar que vimos, mas há uma grande quantidade de tartarugas menores, o que pode evidenciar morte não natural.
Durante nosso passeio, observamos muitos barcos pesqueiros bem próximos da praia, usando – provavelmente – redes de arrasto. Pescadores locais nos disseram que eram catarinenses e que matam as tartarugas a marretadas, pois elas “estragam” as redes.
É um animal carnívoro e habita todos os oceanos do mundo, saindo na areia em locais muito específicos para desovar. Atualmente, a maioria destes locais está mapeada e protegida.
A última foto, com um espécime vivo foi copiada do site “Projeto Tamar“, que também tem muitas informações sobre este belo animal. Visita e conheça um pouco mais da luta de preservação deste belo animal.
Os Veleiros da Areia
Durante nosso passeio, encontramos alguns aventureiros em barcos a vela.
Foi rapidamente, na praia de Quintão, mas encontramos eles novamente, em nosso retorno, na praia do Mar Grosso, em S. José do Norte.
Estes veículos são relativamente baratos e podem velejar a uma velocidade até três vezes superior à do vento. E vento é o que não falta no Litoral Sul do RS, onde já se instalaram vários sítios de energia eólica.
O interessante é que não precisa ser um velejador peso pluma! Aliás, o pessoal era da “nossa turma”! Talvez até necessário para manter o equilíbrio do veículo.
Neste momento, saímos do Litoral Sul do RS, para o Litoral Norte, onde estão as praias mais badaladas e movimentadas por aqui.
Como foi um feriadão com muito sol, precisamos sair das praias mais movimentadas e encarar um pequeno trecho da “interpraias”, que é uma estrada que liga as praias do Litoral Norte, transformando-se em avenidas nestas praias.
Neste primeiro dia, fomos dormir na Pousada Imbé, na praia de mesmo nome. Encontramos o Farina e o Ismar, prontos para encarar o passeio até Torres.
Reparem no novo “peito de aço” que está equipando o Velho´73! Bem, era novo em 2005… Um detalhe interessante é que a placa está sobre uma placa de aço presa ao peito de aço. Isso é para não permitir que, entrando em alguma área alagada, a placa seja arrancada do suporte.
Mais Buggies!
Na praia do Imbé, o Daniel Farina incorporou-se ao grupo para ir até Torres.
Depois, foi a vez do Ismar chegar e completar o povo que estava devorando a areia da praia.
O Farina com seu BRM estalando de novo e o Ismar, com um Look recentemente reformado.
E Mais Buggies!
Os cinco buggies que saíram de Tramandaí, com destino à Torres: Farina, Carlão, Ismar, Joca, Eraldo e, finalmente, em Torres, com a turma catarinense do “Buggy na Veia”.
A natureza foi caprichosa em Torres. Aliás, tem uma piada, aqui no sul do Sul, que conta que Deus fez um trabalho fantástico em toda a costa brasileira, mas ao chegar em Torres, cansou e cruzou uma linha reta para baixo… e ainda colocou as correntes frias para nós!!!
Na última foto, o co-piloto do Velho´73, chegando à Tramandaí, já anoitecendo, depois de um dia inteiro em Torres.
Reparem que o Glaspac não tem porta-malas e usei o banco traseiro, que é basculante para a frente, como uma caçamba de camionete. Com o uso de esticadores, tudo ficou muito bem organizado.
Para o caso de acontecer alguma chuva, tínhamos dois conjuntos de abrigo para motociclistas, já que o Velho não tinha capota, só uma bikini para o sol exagerado.
Retornando Para o sul do Sul
Saindo do litoral norte, em direção ao nosso cantinho, no Litoral Sul do RS…
A segunda foto, mostra o farol da Solidão, a seguinte um dos muitos navios que achamos pelo caminho, um pesqueiro de casco de madeira. E, finalmente, em São José do Norte, na praia do Mar Grosso.
Finalizando um Belo Passeio
O povo, descansando na Praia do Mar Grosso, já em São José do Norte e, finalmente, na balsa de volta. Até a próxima!
Esse foi um verdadeiro passeio-aventura típico de buggy! Fantástico. Um dia farei um também…
[]’s
É muito legal! Achei uma boia de metal muito legal e tem muitas coisas interessantes pela margem. Boias de vidro são frequentes também.
Mas tem que ir com tempo, curtindo muito o passeio!