Tecno M73 na 4Rodas

TECNO M-73: MAIS SPIDER DO QUE BUG

Reportagem de Roberto Manera
Fotos de Fernando Abrunhosa

Suas linhas são as de um carro esporte e seu desempenho também: chegamos a mais de 150km/h, com o protótipo no autódromo do Rio.

O sucesso do Play-Bug, lançado no fim de 1971 (quarenta unidades vendidas nos últimos quatro meses), mostrou ao seu fabricante – Tecnofibra, Rio de Janeiro – que há um bom mercado no Brasil para carrocerias especiais bem construídas.

Fernando Pinheiro dos Santos, um dos donos da Tecnofibra e projetista do carro, acha que ele só é aceito por uma faixa específica de compradores: os jovens que não se importam em fazer a ginástica necessária para entrar num carro sem portas com a capota colocada.

Assim, em busca da grande faixa dos que preferem carros esportivos mais cômodos, Fernando começou – há seis meses – a trabalhar no projeto de um novo automóvel.

A partir das linhas essenciais do Play-Bug, também moldado em fibra de vidro mas comportas, painel mais sofisticado, maior área carenada e vários opcionais (entre os quais, dois tipos de capota), será lançado neste mês o modelo Tecno M-73.

Testamos o primeiro protótipo (o segundo e último estava em fase de acabamento) e a impressão que nos deu é de que esse novo agradará bastante a quem estiver disposto a sacrificar o espaço interno e de bagagem de um sedã comum em favor do desempenho mais esportivo.

O Tecno destina-se aos que querem um automóvel jovem, de linhas e de comportamento. Seu preço (Cr$ 9.250,00 o kit completo, para montar sobre plataforma Volkswagen, e Cr$ 19.000,00 o carro já montado sobre mecânica renovada e garantida pela fábrica) justifica a ausência do luxo oferecido por outros carros mais caros.

O motor e as rodas

Em alguns carros de pequena série – como é o caso do Tecno -, a mecânica Volkswagen atingiu o seu melhor nível de desenvolvimento. E as rodas largas (7,5 polegadas na frente e 8,5 atrás) dão ao carro um ótimo índice de aderência, mesmo nas curvas mais violentas. Os aros 13 e o rebaixamento de toda a suspensão reforçam sua boa estabilidade.

O protótipo que testamos estava equipamento com um motor 1.600 que a Tecnofibra oferece como opcional, aumentando em Cr$ 2.500,00 o preço do carro montado. O standard tem um motor 1.300 sem qualquer modificação. O motor opcional, além da maior cilindrada, tem comando de válvulas Silpo (um pouco mais bravo que o Isenderian 10/10), nacional, dupla carburação Silpo (uma cópia da Webner 40/44 sem o mecanismo de regulagem não fixa) e diferencial um pouco mais longo que o original da linha Volkswagen 1.600. Com esse motor conseguimos, sem muito esforço, ultrapassar os 150km/h, notando apenas alguma vibração depois dos 130km/h, por falta de balanceamento das rodas.

As rodas Mangels, aro 13 e talas de 7,5 polegadas (dianteiras) e 8,5 polegadas (traseiras) vêm com o kit completo e calçam pneus especiais Maggion Selvaggio (brasileiros). O conjunto – além de dar boa contribuição à linha do Tecno, com seu desenho esportivo – é bastante eficiente; as rodas, que oferecem pouca resistência às torções (o projetista leva em conta que num caso de batida na guia é preferível entortar uma roda a ofender peças mais delicadas), ainda tem a vantagem de pesar apenas um pouco mais da metade das rodas inteiriças. O aço empregado é o mesmo, mas as pequenas superfícies deixadas pelos recortes diminuem bastante o peso.

Os pneus Maggion são fornecidos por uma fábrica paulista que incorpora seu know-how às experiências feitas em testes por várias fábricas de bugs. O Selvaggio foi desenvolvido especialmente para o Tecno M-73 (o kit inclui quatro desses pneus). Tem desenho esportivo, embora a altura das bandas laterais seja um pouco grande, e mostrou-se bastante eficiente quanto à aderência sobre piso seco. Não tivemos oportunidade de experimentar-lo na chuva.

Estilo

O Tecno é quase um spider, embora conserve algumas características de bug. Os para-lamas são mais envolventes e os faróis – dois de cada lado – são os da Variant colocados como os do Play-Bug, na linha baixa dianteira, protegidos por duas placas de acrílico transparente.

A linha dianteira (capô do porta-malas) ganhou mais 10 centímetros de comprimento, e o para-brisa com moldura integral, moldada em fibra de vidro junto com a carroceria, é mais inclinado que no bug. Essa modificação deixa o Tecno com um perfil mais penetrante, mas o vento passou a incomodar os motoristas mais altos, coisa que não acontece no Play-Bug. O vidro utilizado é o traseiro do antigo Volkswagen 1.600 de quatro portas.

A traseira ganhou uma carenagem bem equilibrada, sendo arrematada por um modesty-panel (saia) em fibra de vidro frisada, cobrindo a parte inferior do motor como nos Volkswagen SP. As lanternas traseiras são as mesmas dos caminhões Mercedes-Benz, incluindo num só corpo as lanternas constantes, o pisca-pisca direcional e as luzes de freio.

O interior do kit completo standard vem pintado de preto-fosco. As portas têm, na própria estrutura de fibra, porta-luvas adicionais, ficando o pequeno compartimento colocado à direita do painel apenas para documento e objetos maleáveis, como mapas e flanelas. O protótipo ainda não havia recebido o novo painel e utilizava um de Play-Bug. O novo terá os instrumento da versão standard (os mesmos dos Volkswagen 1500), mas a fábrica …

Obs: Faltou o final da reportagem sobre o Tecno M73 na 4Rodas. Se tiveres esta revista, manda esta página para o Planeta!