Meyers Manx 2023
Um ano antes de falecer, Bruce Meyers vendeu sua fábrica e os direitos sobre seu icônico desenho e sua marca. Os compradores, dois empresários que, além de investidores, são tietes confessos do criador e sua criatura.
Um deles, atual CEO da empresa, é um ex-designer da VW e da Ford, tendo participado da criação do New Beetle.
Demorou um pouco, mas finalmente o protótipo do Meyers Manx 2023 foi apresentado. Tem detalhes do lançamento na página oficial da Meyers Manx.
Como era de se esperar, este carro será vendido completo, não em forma dos kits que consagraram a Meyers Manx original.
O Estilo
Claro que não vou analisar o estilo original, apenas comparar o que está sendo apresentado, com o original, de 1964.
Aliás, os empresários resolveram manter praticamente todos os elementos do clássico original e não da releitura feita pelo próprio Bruce no finalzinho do século passado.
No entanto, esta nova carroceria não foi feita adaptando moldes antigos, mas totalmente redesenhada. Observa-se que as curvas estão mais orgânicas, mais fluídas.
A estrutura não tem nada a ver com o Fusca doador original das partes mecânicas. Há uma estrutura monobloco de alumínio com desenho programado para deformação em caso de acidente.
Apesar de não estar obrigado a fazer os testes normalmente exigidos das grandes montadoras, o projeto pensa na segurança. Segundo as leis gringas em vigor, pequenos fabricantes podem fazer até 325 unidades por ano sem passar por estas exigentes normas.
Segundo o projetista Freeman Thomas, em uma entrevista depois do lançamento, é um veículo para o dia a dia. Está sendo projetada uma porta para esta capota e condicionamento de ar, uma coisa importante para os gringos. Aliás, Freeman é um nome fantástico para um cara que adora buggies!
A carroceria do protótipo é de fibra de carbono, mas eles estão analisando possibilidades de plástico termoplástico moldável e com a cor já no plástico (até com flakes!)
Perguntado se havia partes originais VW no veículo, o designer afirmou que apenas o suporte interno dos faróis. A suspensão dianteira, que aparece no protótipo é do Fusca, mas a definitiva será bem diferente e eficiente.
A Dianteira
Na galeria a seguir, o Old Red, o primeiro buggy feito por Bruce Meyers e outro utilizado nas filmagens de “Live a little love a little”, com Elvis Presley.
A terceira imagem mostra a releitura do clássico por Bruce Meyers e, na última, o novo Manx Elétrico.
O que pode ser percebido é que o design está mais para o original de 64 que a releitura mais recente. A altura dos faróis, o uso de rodas de ferro com calotas cromadas, o parachoque em simples tubo curvado, exatamente como o original.
Uma coisa foi “copiada” da versão atualizada do Manx Clássico, o pequeno entalhe no capô na região dos faróis que, na releitura do Bruce, tinha os faróis mais próximos da carroceria, como pode ser visto na terceira foto da galeria a seguir.
Falando em faróis, nesta versão, os faróis estão fixados ao capô e não à carroceria, o que deve indicar que este capô abre, como na releitura. A diferença é que esta abertura não está aparente como na versão do Bruce.
Para não deixar dúvida, a placa é MNX064.
Há um acabamento sob a carroceria, que fica visível em toda a borda da carroceria. O Manx original tinha o tanque de combustível atrás dos bancos e, óbvio, não tinha o bocal de abastecimento que apareceu nos modelos ManxII, sobre plataforma de Fusca. O elétrico, claro, não tem este bocal também.
Os paralamas mantiveram uma área plana, para – como dizia Bruce – colocar um copo de cerveja ali, sem que ele caísse.
A armação do parabrisa, apesar de não ser como o Manx II, manteve o mesmo desenho, com as bordas superiores arredondadas, utilizando um vidro plano.
A Lateral
O Meyers Manx original tinha a lateral com uma fibra de acabamento, mas rente à carroceria. Posteriormente, Bruce fez laterais bojudas, chamadas side pods.
No elétrico, o design original se manteve, com as laterais coladas à carroceria. Nota-se um acabamento mais cuidadoso, com uma peça modelada sob a carroceria, fechando os paralamas por baixo.
A inclinação do parabrisa e do santoantônio, seguem a receita original do Manx II, sendo os paralamas traseiros estreitos, como no Old Red, o que coloca os pneus fora do alinhamento da carroceria.
Falando em pneus, dá para perceber que eles “esconderam” as letras brancas, colocando-as para dentro, de maneira a ficar um visual ainda mais vintage.
Neste Manx Elétrico foram colocadas rodas (aparentemente) de aço, com calotas cromadas, no desenho das do Fusca da época, mas sem o logo VW no centro (óbvio…).
A Traseira
Em um buggy elétrico, claro que não dá pra ficar o motor aparecendo.
A solução foi fazer um desenho que lembra muito o original, mesmo que não tenha um motor boxer e o escapamento.
As lanternas foram feitas com o mesmo estilo das antigas lanternas do Fusca, e o recorte onde está a placa disfarça a “falta” do motor. O parachoque traseiro tem o mesmo desenho do dianteiro e e era ausente no Manx I.
Para o Planeta, uma solução muito boa, mantendo o mesmo estilo de todo o carro. Não parece uma adaptação, mas um desenho completo e coerente.
Acho que eu colocaria aquelas lanternas de baixo, que devem ser de neblina e ré, dentro de um tubo cromado, simulando um escape… hehe, por isso não sou um designer!
Na última foto, um detalhe da suspensão traseira. Não parece ter um curso muito longo, pois os pneus bateriam do paralama. Mas é um protótipo, então pode ser que mude no final, colocando estas rodas para dentro do espaço do paralama.
Interior
O interior do Meyers Manx 2023 também é fiel ao seu antepassado.
As mesmas linhas do painel, com um relógio diferente, mas remetendo ao mesmo estilo, mesma época. Como disse o Chevas, um pouco de excesso de leds ali. O friso talvez seja desnecessário.
Os bancos continuam individuais, com encosto baixo e sem apoio de cabeça.
A direção, esportiva com três raios, é praticamente a mesma do Manx II, mas conta com coluna elétrica.
Opinião do Planeta
Bruce fez a coisa certa, vendeu sua empresa pouco antes de falecer, garantindo a continuidade de sua obra.
Sobre a motorização elétrica, não há o que dizer, pois é uma tendência irreversível. Mas baterias de lítio ainda não são as ideais, embora tenham sido um avanço enorme em relação às de chumbo-ácido.
O que vale é a continuidade do conceito buggy, um carro divertido, sem portas, com tração e motor traseiros, seja ele elétrico ou a combustão interna, refrigerado a ar ou líquido.
Provavelmente, a versão final será um pouco diferente dessa. Talvez rodas de liga leve… O que seria uma lástima, pois – para o Planeta – estas rodas ficaram muito boas!
As imagens e algumas informações foram retiradas do site Motor Trend.
E você, o que acha desta novidade? Vai se concretizar no mercado? Será que vamos ter buggies elétricos nas dunas brasileiras? Comenta ali embaixo!
Esta foi a “Curiosidades do Planeta #11”. Conheça as outras, clicando aqui. Ou na imagem a seguir.
Vou dizer o que eu achei: muito bom, com algumas ressalvas de gosto pessoal. Mas ficou simplesmente fantástico, o estilo e as linhas ficaram realmente fiéis ao original. Adequaram muito bem a traseira. Realmente gostei. O próprio Bruce já tinha feito um protótipo elétrico, em comemoração dos 50 anos do Manx: “https://newatlas.com/meyers-manx-electric-dune-buggy/32050/” mas era baseado no modelo “modernizado” do Kick out, aquele com faróis embutidos. Mas esse novo ficou bem legal. As ressalvas que eu faço são: lanternas traseiras e painel poderiam ser mais retrô (não gosto de leds); Os pneus escolhidos estão adequados, mas para o meu gosto poderiam ser mais comuns e não fora de estrada. Outra coisa são os para-choques, eu usaria um tubo mais grosso. E é claro, a falta de um boxer. Mas fazer o quê, temos que acompanhar a evolução, e buggy é pra andar na natureza, então nada melhor do que ser menos poluente (será? há quem diga que os danos da produção e descarte dessas baterias são piores do que os dos motores a combustão….o tempo dirá). Mas que este modelo está bonito, isso está. Sucesso aos empreendedores da Meyers Manx!
Estamos caminhando para algo importante, mas até o momento, o que temos são as baterias de lítio que, realmente, são problemáticas. Não apenas no descarte que, acredito, vá ser resolvido e aproveitados os componentes e químicos. Mas para a produção das baterias, é preciso muita energia e muito material mineirado e industrializado. E isso, claro, tem um custo ambiental que não sabemos ao certo.
Sobre o buggy, concordo contigo, não gosto muito de leds, mas é um carro elétrico, então tem que ter o menor consumo possível… hehe
Olhei mais atentamente o painel e, realmente, aqueles frisos de led não são a melhor solução em um painel minimalista, como deveria ser.