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Adeus Bruce

A História do Buggy Meyers Manx

Uma Breve Homenagem a Bruce Meyers

O Planeta Buggy estava devendo uma postagem mais completa sobre a história do Buggy em geral e de Bruce e sua criação, o Meyers Manx, em particular. Apesar desta postagem ser muito concisa, mostra o que este artista fez para o mundo. É o criador do “carro sorriso”, de um offroad ao alcance de muitos e o responsável por uma cultura automobilística diferente das tradicionais. No final deste texto, algumas fontes que foram utilizadas e que podem ser vistas para ampliar o conhecimento e a diversão.

A mãe de Bruce era uma cantora bem conhecida em sua época e o pai um aficionado por carros, tendo sido piloto nas 500 milhas de Indianápolis. Segundo Bruce, ele foi enviado para o Oeste pelo próprio Henry Ford, para abrir a primeira concessionária da marca na Califórnia. Com esta família, o cara se transformou em um artista que curtia (muito) carros.

Quando criança, Bruce perdeu um irmão afogado e a família proibiu os demais de chegarem perto da praia. Mas a água era por demais atraente e Bruce sempre escapava para ir até lá. Chegou a ser salva-vidas licenciado, antes de se alistar para US Navy, na Segunda Guerra Mundial.

Em 1945, o navio em que estava, o porta-aviões USS Bunker Hill, sofreu um ataque kamikaze em Okinawa, resultando em cerca de 400 mortes. Bruce salvou-se por ser um excelente nadador e ainda salvou um piloto severamente queimado, dando seu próprio colete salva-vidas.

Bruce teve formação na Escola de Artes de San Francisco, trabalhou produzindo barcos, pranchas de surf e até banheiras (dizem que teria sido ele o inventor da banheira de fiberglass). Esta base técnica foi o que possibilitou a criação de um novo ramo da diversão automobilística.

A criação de um ícone não é para qualquer um. Bruce criou algo que ele sequer tinha ideia do que seria nas próximas décadas. Espalhou pelo mundo uma nova cultura, um novo estilo de vida. Aqui no Brasil, os primeiros buggies tinham o estilo criado por ele, sendo o Glaspac o mais próximo. O Glaspac I era praticamente uma cópia exata do Manx, e existia uma lenda dizendo que Bruce teria autorizado o uso. Claro que não foi bem assim, mas ok, ele foi copiado no mundo inteiro… No modelo que se difundiu no Brasil, que seria o Glaspac II, foram acrescentadas algumas diferenciações.

Bruce dizia que o lema da escola de design que ele seguia era “A forma segue a função”, ou seja, de nada adiantam belas linhas e formas, se não tiverem uma função prática.

Bruce Meyers faleceu aos 94 anos, com a certeza de que criou algo que vai durar por muito tempo.

Aprecie a leitura e, se encontrar alguma coisa errada ou faltando, avisa a gente, ok?

A História do Buggy – O início

Na década de 50

Dune Buggy é uma expressão que serve para definir um veículo simples e ágil, que foi desenvolvido para andar em dunas.

Os primeiros modelos eram montagens usando chassi e motor de carros americanos de grande potência. Para torná-los eficientes na areia (ou perto disso), os construtores encurtavam o chassi, colocando o motor mais para trás e o assento do piloto e passageiro sobre o eixo traseiro. Podemos considerar estes modelos a pré-história do Buggy!

Esta configuração já dava a regra básica que se sustentaria nas próximas décadas. Dune Buggies têm que ter tração traseira e peso concentrado no eixo traseiro.

As imagens da galeria a seguir mostram estes modelos da pré-história do Dune Buggy. Estavam no site Old Scholl Buggies, em abril de 2021 (infelizmente, em 2023 este site estava fora do ar). Este estilo ainda é construído por lá, com motores cada vez mais potentes. Eram chamados de “water pump“. Hoje são “water cooled

Os primeiros Dune Buggies com mecanização Fusca

Antes de Bruce lançar seu icônico modelo, já existiam algumas tentativas sobre o chassi do Fusca (bug, para os gringos). No final dos anos 50 e início dos anos 60, dois fabricantes fizeram o que pode ser considerado os predecessores do Dune Buggy como conhecemos.

Um deles, Empi Sportster foi fabricado com intenção de ser mais utilitário, mas também com uso off road e nas dunas. Com carroceria metálica, linhas retas e duras, não era algo exatamente bonito, mas muito interessante e com soluções muito práticas, como o estepe sobre a frente. Era vendido em kits para colocar diretamente sobre a plataforma, sem cortes.

Já o Burro Buggy fez, pela primeira vez, um recorte na plataforma do Fusca e deixou com 80 polegadas de entre-eixos, a mesma utilizada pelo Bruce no seu Manx, posteriormente. O nome, obviamente, é influência espanhola e, talvez, seja por ser um veículo para ir a qualquer lugar, como um burro…

Na galeria a seguir, algumas fotos destes desbravadores. As duas primeiras do Buggy Burro e as outras duas do Empi Sportster. Chassi tubular não era novidade nos anos 60!

Para saber um pouco mais sobre o buggy Burro, o site “Old Bug” tem bastante informação.  Sobre o Empi Sportster, o blog “Beach Wheels” . Sãos as fontes de onde o Planeta Buggy retirou estas fotos e detalhes.

E surgiu o Meyers Manx

Bruce Meyers já tinha feito uma tentativa de andar nas dunas com uma Kombi (the Little Red Riding Bus)… O Planeta não conseguiu encontrar nenhuma foto  dela, mas Bruce descreveu, em seu livro, que ele comprou rodas largas com pneus de uma velha ambulância e trocou os miolos das rodas, conseguindo pneus largos para a Kombi, depois de aumentar a abertura das rodas para não rasparem na carroceria. Nela, ele puxava esquis na beira da praia e andava nas dunas. “Quanta diversão em um carro com apenas 40HP”, escreveu Bruce.

Toda esta diversão com a Kombi, levou-o a pensar no que poderia ser feito para ser ainda melhor.

Bruce era um artista e tinha grande conhecimento do uso do fiberglass,  A partir daí, foi fazer o desenho base do que seria o Meyers Manx. O nome “Manx” veio de um gato sem rabo, natural da Ilha de Man. Um bichinho muito interessante. Se ficou curioso, dá uma olhada nesta página, Patas da Casa. O desenho do Manx tem a traseira truncada, daí o nome.

O primeiro modelo, do qual foram fabricadas apenas 12 unidades, era feito com uma estrutura monobloco, sem aproveitar o chassi do Fusca. Levou nove meses para ser concluído o protótipo. Era de difícil fabricação e caro para a intenção de ser um veículo simples e barato. O número 1 ficou com Bruce até o final de sua vida, sendo chamado de “Old Red“.  Em homenagem a ele, o Glaspac do Buggyman é chamado de “Velho’73”. Aliás, algumas alterações estéticas foram feitas no Velho’73 para ficar mais parecido com o Manx, como pode ser visto nesta postagem, aqui no Planeta Buggy.

Não consegui saber os detalhes construtivos deste Manx original monobloco, mas em uma entrevista com Jay Leno, Bruce disse que barcos não têm chassi metálico e ele era um construtor de barcos quando fez este modelo.

No livro “Dune Buggy Handbook” de James Hale, há uma explicação sobre a construção do número 1, o “Old Red“. Carroceria monobloco, com um túnel central, acreditamos que era feito de fibra. No livro, diz que peças de aço foram incorporadas à carroceria de fibra, para sustentar o agregado dianteiro e o traseiro do buggy. Uma peça de alumínio foi elaborada para sustentar a pedaleira, o freio de mão e outras partes.  O primeiro buggy foi feito apenas para uso próprio e a suspensão traseira foi adaptada de uma camionete Chevy, com controle a ar. Sim, o primeiro fiberglass dune buggy tinha suspensão a ar, que poderia ser inflada ou desinflada, de acordo com a necessidade do momento.

O tanque de combustível deste primeiro buggy foi moldado na fibra, atrás dos bancos dianteiros. Na frente, o capô abria para comportar bagagem, estepe e a bateria. Nas doze unidades seguintes, a suspensão traseira do Fusca foi utilizada, sendo que tanto o agregado dianteiro quanto o traseiro eram laminados diretamente na carroceria.

Isso quer dizer que não há um chassi metálico nesta carroceria. Interessante…

A informação das quantidades deste modelo são conflitantes. Algumas fontes falam em 11 unidades, mas no livro fala em 12 kits, além do “Old Red”.

Na entrevista com Jay Leno, Bruce conta que o nome foi criado na redação da revista Road & Track, quando a esposa dele foi em uma reunião no escritório deles. Ela pediu para cerca de 30 pessoas que estavam presentes escreverem uma sugestão de nome. Quatro delas escreveram “Manx”. Elaine Bond, que era a big boss da revista, sugeriu colocar Meyers Manx. Bruce, que não gostava de aparecer, tentou negar, mas acabou aceitando. O resultado é um nome internacionalmente reconhecido, quando se fala em Dune Buggy.

 

Na galeria a seguir, a montagem do protótipo do Manx I na garagem do Bruce. Repare que as laterais foram feitas de placas de madeira, para fazer a forma. Sobre o armário, um modelo pequeno que serviu de estudo. Na foto a seguir, o “Old Red” e na sequência a presença do Manx em filmes da época.

O escapamento que aparece no Old Red (segunda foto abaixo) foi desenvolvido pelo próprio Bruce, ao perceber que os laterais consumiam potência por não estar em sincronia com o motor. E os originais reduziam o vão livre. Daí para este coletor 4×1 foi uma decisão simples.

O Desenho do Projeto

A ideia básica do projeto era fabricar um veículo que fosse a qualquer lugar, mas que não parecesse um jipe usado. E, segundo o próprio Bruce, a inspiração inicial foi dos carros de cartoon, principalmente do Donald Duck e do Mickey Mouse. “Vermelho, faróis salientes, sem portas, sem capota e com pneus ‘balão'”. A definição cabe no carro do Pato Donald e no Old Red!

Bruce explicou o que ele pretendia: “A parte superior dos paralamas dianteiros, deveria ser nivelada para poder deixar ali algumas cervejas. As laterais precisavam ser altas o suficiente para não deixar água e lama entrar nos seus olhos. Precisava ser compatível com a mecânica do Fusca e tinha que ser possível de ser feito pelo dono”.

O Projeto do Manx II

Depois das 12 unidades do kit do Manx I, Bruce adaptou o desenho para um projeto mais simples, que utilizava a plataforma do Fusca, encurtada em 14 1/4″, com a carroceria aparafusada sobre ela. O desenho esquemático deste novo projeto pode ser visto na galeria logo abaixo, ao lado da inspiração original, o “313” do Pato Donald. Naquela época, Fuscas usados eram muito baratos na Califórnia, o que facilitava a montagem pelo próprio comprador do kit.

Isso permitiu uma redução enorme no custo de produção e de logística, possibilitando que a B.F.Meyers produzisse cerca de 5.800 kits do Manx II, 1.000 Towds, cerca de 500 Manx SR e 75 Manx Resorts (ou Turista). O kit passou de quase mil dólares para menos de 500.

O desenho da carroceria foi feito de maneira a permitir o empilhamento e, desta maneira, facilitar o envio para revendedores em todo o país. A coloração do buggy era feita no próprio gel coat, dispensando pintura posterior, caso o proprietário não quisesse. Aqui no Brasil, a Glaspac tinha as carrocerias vendidas com gel coat branco (o Planeta não sabe se usavam outras cores, como o Manx). O Velho’73 só foi pintado lá por 1978.

O desenho do Manx não podia ser mais simples. Apenas duas peças de fiberglass em um molde simples, com aproveitamento do maior número possível de peças e acessórios do carro doador.

Bruce ainda projetou e produziu outros modelos:

O Manx Resort, feito para empresas de turismo, com plataforma de Fusca sem recorte.

O Manx Tow’d, como o nome revela, foi idealizado para ser rebocado até o local da diversão. Depois foi feito um kit para torná-lo de circulação legal, com paralamas, capô e outras peças. A simplicidade deste modelo era a base dele. Até os bancos eram moldados na carroceria. e o chassi era tubular muito simples.

Por último, o Manx SR, com “Lambo doors” antes da Lamborghini… Neste projeto, Bruce fez intrincadas formas para dificultar a cópia, mas tornou-o difícil de ser produzido e, consequentemente, muito caro. Chegou a produzir 500 unidades. No Brasil, a Glaspac chegou a apresentar um modelo destes, mas não levou adiante.

Bruce tinha formação de designer, mas nunca se considerou um projetista de carros, como declarou em uma entrevista:

Bruce Meyers - Nunca fui a uma escola de projetista

O Sucesso do Manx II

Sua esposa na época, trabalhava na Hot Rod Magazine e convenceu o editor a fazer uma matéria sobre o buggy. Em agosto de 1966, acabou sendo a capa da revista, com a clássica foto de Bruce “voando” com seu Manx.  Mas não foi ainda neste época que o sucesso chegou. No ano seguinte, Bruce e seu amigo Ted Mangels fizeram um percurso de 832 milhas (1.339km) com o Old Red, em 34 horas e 45 minutos. Bateu o recorde, feito no ano anterior com motos, em mais de cinco horas! Bruce então distribuiu press releases para mais de 100 publicações. Em abril de 1967, ganhou a capa da revista Car and Driver.  A partir desta reportagem, explodiram pedidos de todo o país.

Para encarar o desafio, Bruce e Ted fizeram algumas adaptações no Old Red. A começar pela colocação de três tubos de oxigênio transformados em tanques de combustível para que pudesse ter autonomia nos trechos desabitados. A capota foi feita com “portas” com um desenho muito interessante e o banco traseiro encheu de tralhas, pneus e barraca. A história desta aventura foi contada em livro. O Planeta tem seu exemplar, devidamente autografado pelo próprio Bruce!

O feito foi registrado e acabou sendo o estopim para a famosa Baja 1000 que, na sua primeira edição, em 1967, chamada Mexican 1000, teve um Manx na primeira posição, pilotado por Vic Wilsom na maior parte do trajeto, com Ted Mangels de navegador. Bruce competiu no ano seguinte com outra criação sua, o Towd, mas sofreu um acidente feio, com fraturas expostas em ambas as pernas e ficando no local esperando socorro por cerca de 22 horas até ser resgatado pelo helicóptero de uma empresa jornalística.

Bruce não ganhou nenhuma Baja 1000 oficial, mas tem o privilégio de ter feito o trajeto que foi consolidado na prova e, portanto, seu primeiro vencedor.

No Cinema

“The Thomas Crown Affair” é o filme mais conhecido com o uso do Manx. Além de alterações de gosto duvidoso nos faróis e parabrisa, ele tinha um motor Chevrolet Corvair, o que dava um impulso enorme ao pequeno (e leve) carrinho. Recentemente foi vendido em um leilão por US$ 456,000.00!

Como curiosidade, Steve McQueen regulava ele mesmo o motor do carro nos intervalos de filmagem. E não usava stuntman. Quer ver uma cena do filme? Aqui.

Por falar em Steve McQueen, ele foi homenageado em 1978 no Off-Road Motorsports Hall of Fame, juntamente com Bruce Meyers.

Elvis Presley teve, ele próprio, dois Dune Buggies. O preto que está no museu de Graceland não é um Manx. Este Manx do filme, o Planeta não sabe dizer se era um deles. Mas dividiu a cena com o “Rei”. Quer ver as cenas? Aqui.

Patente Manx

A Patente do Desenho

Por essas coincidências do destino, Bruce faleceu no mesmo dia em que foi concedida a patente do seu desenho, 15 de fevereiro. Mesmo tendo patenteado seu desenho, Bruce perdeu na justiça em primeira instância e nem tentou seguir adiante. Na verdade, o sucesso do modelo fez com que o mercado exigisse muito mais do que ele poderia produzir. Mas o fator que o levou a perder mercado e fechar a empresa foi o fato de que ele seguia fazendo um produto de qualidade, ao contrário das muitas cópias baratas que surgiram.

Bruce chegou a processar um dos fabricantes, mas um juiz federal decidiu que o desenho era de domínio público, apesar de ser recente. O advogado tentou convencê-lo a apelar, mas ele já tinha gasto muita grana neste processo e desistiu

O Planeta Buggy conta um pouco da história desta patente nesta postagem.

Os Erros Administrativos

Bruce tentou segurar as cópias ilegais, mas não conseguiu, pois não tinha os recursos necessários para levar adiante uma disputa legal. E também não tinha a disposição para isso.

No entanto, teve uma proposta da Empi de ser associado para a produção em massa do Manx e não aceitou. A Empi fez sua própria versão do buggy e fabricava mais, em um dia, do que Bruce conseguiria em meses de produção.

A falta de visão do artista acabou quebrando o empresário. Isso de nada reduz a importância dele na criação e no impacto que causou no mundo todo. Mesmo as cópias relembram seu feito até os dias de hoje.

É missão do Planeta Buggy mostrar esta história para que os brasileiros saibam onde surgiu o Dune Buggy e seu principal responsável. Mesmo aos céticos, que dizem que o Dune Buggy existia antes do Manx, é importante lembrar que o próprio Bruce nunca se declarou o inventor do Dune Buggy, mas sim do Fiberglass Dune Buggy.

Na galeria a seguir, o clone do Manx desenvolvido pela Empi (imagens do site oldbug.com). Repare que este desenho corrompeu um dos princípios básicos do Manx, que era ter um paralama dianteiro liso e nivelado para poder colocar algumas cervejas nele.

A Decepção de Bruce

Em 1970, Bruce desistiu de tudo, da empresa, da esposa, do Manx. Nos dez anos seguintes, falar de buggy com ele era comprar briga na certa. Ele sempre disse que era um artista, não um homem de negócios. Em uma entrevista mais recente, ele declarou: “Sometimes, though, you have to say, ‘Shit happens.'”

Em 1986, Bruce casou-se pela sexta vez… quebrado e emocionalmente abalado, foi morar em um sítio em San Diego, aposentado e trabalhando sua veia artística.

O Retorno

Quando as palavras Dune Buggy já não provocavam raiva, em 1994, ele aceitou um convite para um festival de buggies em Le Mans, na França. Lá, foi recebido como Carroll Shelby seria recebido em um rally de Mustangs.

O entusiasmo foi tanto que ele começou a pensar no Manx novamente. No retorno aos EUA, fundou um clube para encontros de buggies. Entre os associados, mais de 150 na época, apenas 10% eram de Manx legítimos, aos quais o clube fornecia certificados de autenticidade.

Em 2000, Bruce resolveu fazer uma edição limitada de kits. Esperava vender umas 20 unidades, mas recebeu 100 pedidos em apenas um mês! Bruce estava de volta ao mercado dos buggies.

Mas acabou sendo um problema. Bruce colocou um preço quase simbólico nos kits (US$ 2,000) e fazer mais de 100 deixaria de ser uma “edição especial”.

Entre os usuários de buggy no clube, Bruce descobriu que eles gostariam de um modelo que levasse confortavelmente quatro pessoas (o Manx original levava duas com razoável conforto) e também queriam um porta malas. Havia, sem dúvida, interesse em um Manx modernizado.

Kit Clássico

A Meyers Manx não deveria reiniciar sua atividade sem manter o clássico kit à disposição dos entusiastas. Algumas alterações bem pequenas, como a parte traseira, onde vai o banco, sem as reentrâncias do original para estepe e bateria (onde ela está???)

As fotos a seguir são do site da Auto Fibra, empresa portuguesa que fabrica e distribui para a Europa, os kits do Manx, devidamente autorizada. Estes kits são iguais ao clássico Manx II.

O kit clássico desenvolvido por Bruce é um pouco diferente, uma releitura do clássico Manx II, tem um pequeno encaixe para os faróis e tem abertura do capô, seguindo sugestões que Bruce recolheu dos usuários do Manx original. Repare na abertura do motor na traseira. A ideia é permitir o uso de motores maiores, sem ter que cortar a fibra. Ela já tem o desenho adequado para isso.

Manxter 2+2

Em 2001, um novo projeto saía de outra garagem, à semelhança do original. Desta vez, um projeto para quatro pessoas, com porta malas e mais itens de conforto. Naquele ano, foram vendidas 60 unidades ao preço de US$ 5,395 o kit, que não incluia a plataforma, os bancos e a parte mecânica.

O Manxter 2+2 utilizava a plataforma do Fusca sem recortes, ou seja, é mais longo que um Manx tradicional. O kit incluía até uma gaiola bem estruturada. As fotos abaixo, do site da Manx australiana, mostram em detalhes este kit.

O Manxter 2+2 da Kathleen – um Projeto Interessante

 A história de Kathleen na construção de seu próprio buggy foi contada no site Rare Car Network.

Mostra a saga da Kathleen em escolher o kit, comprar o carro doador e a mecânica e trabalhar ela e o marido na confecção deste belo Manxter.

No início, o motor era um VW boxer 1,9L, mas depois de um problema mecânico, foi trocado por um Subaru 2,5l. Confere nas fotos abaixo, o resultado. E, se quiser saber mais detalhes desta construção, visita a página.

Manxter DualSport

O DualSport é o mesmo modelo do 2+2, com a diferença de ser montado sobre um chassi elevado, criando espaço para suspensões mais adequadas ao offroad.

O DualSport traz de volta a energia dos buggies feitos para trilhas pesadas ou dunas. Apesar de manter o mesmo design do 2+2, a proposta é bem diversa. As fotos a seguir são da revista Hot Rod, no artigo We Drive The Modern Manx DualSport, quando a revista pegou um modelo com motor VW Boxer 2.0L e levou para testes em diversas situações. Rodovias, praia, trilha e até em uma pista de arrancada.

Manxter Kick-Out S.S.

Kick-Out, segundo Bruce, é a manobra final de um surfista furando uma onda. S.S. é para Strictly Street. Um Manx tradicional (bem) modernizado, mas que não é para as dunas ou trilhas.

Parabrisa curvo, painel moderno, faróis integrados ao capô (que abre!), abertura maior do motor, paralamas traseiros mais largos e uma tampa opcional para fechar a traseira e aumentar a área de carga, além de dar um ar esportivo ao carrinho. Além disso, a possibilidade de usar mecânicas alternativas como a Subaru no modelo apresentado na galeria a seguir.

O Kick Out é um kit versátil, mas com a plataforma encurtada, como no tradicional. Uma bela máquina, principalmente quando tem um motor Subaru 2.5L.

Foi o último desenho de Bruce Meyers.

A Venda da Empresa

Em novembro de 2020, já com 94 anos, Bruce Meyers vendeu sua empresa. Provavelmente, já sabia que seus dias na terra estavam contados, pois o que o levou não foi a idade avançada, mas uma doença em fase terminal.

Felizmente, ao que tudo indica, a empresa que assume deverá levar adiante o design do Manx para novas aventuras, entre elas, uma versão elétrica. Vamos aguardar as novidades.

O Lançamento do Meyers Manx 2.0 EV

A nova empresa já lançou seu protótipo e iniciou a produção das primeiras unidades do Meyers Manx EV. Saiba mais sobre este novo Manx, aqui no Planeta Buggy!

Fontes

Para fazer esta página, o Planeta Buggy recorreu a várias fontes, sendo as principais:

Este post tem 8 comentários

  1. Roberto Lee

    Parabéns! Ficou bastante elucidativo!

    1. Beco

      Obrigado, Roberto! O Planeta Buggy foi feito apenas com o intuito de mostrar a história do buggy no mundo, no Brasil e também para ser um local de troca de ideias, palpites, sugestões e um bocado de parceria. Não seria nada sem amigos como tu. Um dia, talvez, volto a colocar coisas novas por aqui!

  2. Chevas

    Muito bom , Carlão.
    []’s

    1. Beco

      Valeu, André! Vamos tentando recuperar a história do buggy no Brasil, mas aí é um pouco mais complicado…

  3. Marlon

    Carlão, muuuuiiiito bom!! Completíssima a história, meus parabéns!!! Abcao!!

    1. Beco

      Valeu, Marlon! Relembrando meus tempos de pesquisa bibliográfica para fazer um trabalho de planejamento! hehe

  4. Tiago Souza

    Opa! Apenas uma correção: na parte da história do buggy no cinema, “O filme The Thomas Crown Affair (1968) mostrava um Manx com motor Corvette…” O motor correto é o do Chevrolet Corvair, não do Corvette (Corvair usa motor boxer 6 cilindros refrigerado a ar)

    1. Beco

      hehe, que mancada! Já arrumei… É que sou um fã do Corvette e os dedos correram mais que a mente… Obrigado.

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