Bem, estou transferindo a história do meu buggy do antigo fórum pra cá. Abaixo segue o link para o tópico original, onde todos escreviam suas histórias:
Continuando com o mesmo objetivo do tópico original no fórum antigo, todo mundo pode escrever aqui a história do seu buggy, mesmo que seja copiando do fórum antigo, como eu fiz. Eu não quis fazer isso por dois motivos: o tópico é grande e não quero copiar material de outros participantes. Estejam à vontade.
Finalmente, depois de quase 5 anos, venho dividir com vocês a história do meu buggy. Foram 2 anos de planejamento e economia, quase 1 ano parado por problemas pessoais e depois 2 anos de construção, mas finalmente ele chegou! Segue abaixo a história do buggy, dividida em partes, e ao final, algumas fotos.
Parte I – Início:
Em outubro de 2010, tive a idéia de comprar um buggy para ir à praia e passear de vez em quando. Não sabia nada sobre o assunto, só tinha andado de buggy uma vez, na adolescência com uns amigos. Comecei a pesquisar e me apaixonei pela criação do Bruce. Descobri o PB, onde aprendi muito, pelo que agradeço a todos os participantes do fórum, especialmente ao Carlão e ao Farina, que gentilmente me responderam em tópicos, MP's e e-mails sobre as dúvidas que eu tinha. Comecei a ver buggys usados, mas não gostava de nenhum. Vi Emis, Baby, Boy, Giants, e Toy, a maioria velhos, ruins e modificados. Além da minha cidade, estive em Porto Alegre e Pelotas. Descobri que os que mais me agradavam eram os de estilo clássico.
Decidido o estilo e não encontrando um usado em bom estado, resolvi montar ou comprar um novo, porque reformar um usado pra ficar como eu queria, iria gastar praticamente o preço de um novo. Assim, fiquei pesquisando fabricantes, kits, chassis, motores, legislação e etc, e também planejando e economizando. Em outubro de 2012 já tinha um projeto pronto, bastante ambicioso, que decidi colocar em prática. A coisa tinha virado um sonho, quase uma obsessão. Tinha todos os dados e informações, tudo planejado em cada detalhe. Lembro-me nitidamente da ocasião em que tomei a decisão.
Mas vejam só como são as coisas: poucos dias depois, descobrimos que nossa filha tinha um grave problema na coluna, e a única opção de correção era uma cirurgia de grande porte. Coloquei o projeto do buggy na gaveta, e ela foi operada em fevereiro de 2013. Graças a Deus correu tudo bem. Mas passamos um sufoco, inclusive pra achar doadores de sangue, e olha que precisava só de seis! Falando nisso, convido a todos os que puderem a se tornarem doadores como eu. Não custa nada e você fica com a boa sensação de ter ajudado alguém com problemas de saúde.
Parte II – Encomenda:
Sete meses depois da cirurgia, em setembro de 2013, com tudo normalizado em casa, retomei o projeto, mas decidi simplificá-lo. Embora isso modificasse bastante o meu sonho, ela também “colocava meus pés no chão”. Assim, decidi encomendar um buggy novo na Fercar de São Paulo, com o Evaldo Mariano. Escolhi o modelo Sumaya, com motor VW EA-111 1.4L flex, da Kombi “à agua”, que eles usam há anos com sucesso. Eu moro no RS, mas tenho um irmão que mora em Guarulhos, que me representou e acompanhou a construção. Sou muito grato a ele pela ajuda e por todo o trabalho que passou. Comentei a decisão de adquirir o buggy no PB nos posts abaixo, e segundo o Evaldo, o prazo de entrega era de 2 meses:
Mas com apenas um mês de construção, começaram os problemas, que atrasaram muito a entrega. Resumindo: o Mariano teve diversos problemas com funcionários, com o fornecimento e o desenvolvimento de peças, com a fabricação, com os prestadores de serviço e de saúde. Por isso e por outras razões que prefiro não comentar, a construção se arrastou por mais de 23 meses!
Nesse tempo todo, até sonhei com o buggy algumas vezes e houve vários momentos em que pensei em desistir. Fiquei muito decepcionado e chateado com os sucessivos atrasos e problemas, mas pelo menos esse tempo ajudou a modificar detalhes ou corrigir diversos erros.
Entregue pelo fabricante, o carro veio de São Paulo para a matriz da transportadora em Porto Alegre, onde ficou uns dias esperando carga para Rio Grande. Eu achava que estava na reta final, entretanto, no dia do carregamento, outro contratempo: a transportadora me ligou dizendo que houve uma avaria mas que não era de responsabilidade deles. Me mandaram fotos: quebrou toda a fibra da caixa da bateria e ela ficou pendurada pelos cabos, afetando também os cabos do freio de mão e da embreagem. A fibra era muito fina e/ou a caixa foi muito mal colada. Sem alternativa, mandei trazer o carro assim mesmo. Para completar, o caminhão que estava trazendo o buggy de POA quebrou perto de Tapes. Com isso atrasou mais ainda a entrega.
Parte III – Recebimento, reparos e melhorias:
Recebemos o carro numa oficina para o reparo da avaria. Foram feitas também várias melhorias, algumas por idéia minha e outras por sugestão do dono da oficina. Para a bateria, além de consertar a fibra, foi soldado um suporte no chassi. Foram feitos também: um protetor do cárter, um de correia e outro embaixo do tanque; trocamos vários parafusos por inox; foram feitos reforços nas ancoragens dos cintos e bancos e colocadas arruelas de inox mais largas em diversos pontos, além de outros detalhes.
Enquanto esperava o conserto, entrei em contato com o fabricante, expliquei o problema da avaria, enviei fotos e requeri uma compensação, pois considerei o problema como defeito de fábrica. Felizmente, ele nem questionou: depois de ver as fotos, ele me reembolsou.
Depois dos consertos e melhorias, dei umas voltas para conhecer o carro: mais problemas, desta vez na mecânica: o carro começou a ferver e vazar água pelo reservatório de expansão. Parei, esperei esfriar e guardei na garagem. Lá, descobri que os fios do ventilador do radiador estavam soltos, e além disso, tinha vazamento de água, de fluido de freio e de óleo. Também notei que os amortecedores traseiros estavam sem ação, além da dianteira estar extremamente dura. Lá fui eu pra outra oficina...
Na segunda oficina, trocamos os flexíveis do freio dianteiro e fizemos uma limpeza e revisão no sistema de arrefecimento, além de trocar os amortecedores traseiros. Os vazamentos de óleo persistem, pois o motor e caixa são usados, mas estou observando.
Ainda fui numa 3ª oficina verificar a suspensão, que estava muito ruim. Além da regulagem da dianteira, foram feitas alterações nos suportes das molas traseiras, aumentando a altura. Coloquei também a barra estabilizadora dianteira. Essas ações melhoraram bastante o comportamento do carro. Na foto 23 marquei o aumento da altura. Novamente pedi uma compensação ao fabricante pelos problemas, e ele concordou em me ressarcir. Mas a modificação na suspensão traseira e a barra estabilizadora ficaram por minha conta, pois foi decisão minha.
Depois, fui no auto-elétrico para ver os instrumentos que não estavam funcionando (contagiros e combustível). O sensor da bóia era usado e estava estragado e além disso, o marcador de gasolina era o modelo errado, por isso não funcionava. Mesmo assim, fui emplacar o carro. Saí do CRLV muito contente e aliviado, depois de 5 anos de espera e sonhos. Mas sabia que ainda não tinha terminado.
A garantia dos instrumentos já tinha expirado, mas entrei em contato com a Cronomac e gentilmente eles se prontificaram a arrumar os instrumentos como se estivessem na garantia, pagando só o envio. Mesmo assim, os problemas continuaram, e tive que solicitar ao fabricante a troca dos instrumentos por novos. Ainda estou esperando ele mandar.
Parte IV – Final: Fora os 2 instrumentos que ainda estou aguardando, finalmente o carro ficou pronto. Na verdade, acho que um buggy nunca fica pronto, e eu já fiz uma lista de coisas que ainda quero fazer nele. Mas pelo menos está funcionando bem.
Não sei como tive tanta paciência com todos estes problemas, mas acho que no final valeu a pena, pois fiquei satisfeito com ele, principalmente após as melhorias. Não tenho experiência com buggys para comparar, mas primeiras impressões que tive foram:
- Este motor é mais do que suficiente para o peso do carro, ele anda muito bem;
- A direção é bem leve, por causa da caixa de direção moderna e o volante;
- A embreagem também é leve, achei que seria bem mais pesada;
- A estabilidade melhorou bastante após as alterações na suspensão;
- Pode não parecer, mas os bancos da frente são confortáveis e a posição de dirigir é boa;
- O escapamento é muito barulhento, pois tem um abafador só - vou mudar isso depois;
- A suspensão dianteira, os freios e principalmente o câmbio - tudo de Fusca - não fazem milagres. Tenho que me acostumar.
Para terminar, vejam abaixo algumas fotos da construção em São Paulo, do carregamento, das oficinas e do buggy pronto. As fotos estão em ordem cronológica a partir de dezembro de 2013. Todas as de SP foram tiradas pelo meu irmão, exceto a nº8, que dá a idéia de quanto demorou a construção: ela é do Google StreetView! Sim, é verdade, aquele é o meu buggy na oficina do auto-elétrico, que fica bem perto da Fercar. Ele ficou lá por uns 4 meses, por diversos problemas.
Bom, é isso. Responderei com prazer qualquer questão sobre o carro, o fabricante e tudo mais, apenas reservando-me o direito de responder por MP dependendo do assunto. Espero que gostem. Um grande abraço a todos!
1-2013-12-13h- carroceria sem capô
2-2014-03-19(2) – carroceria pintada
3-2014-04-23_instrum(1) - instrumentos
4-2014-05-08(3) – montagem motor
5-2014-07-02(1) – suspensão dianteira
6-2014-10-23(4) – auto-elétrico SP
7-2014-10-23(5) – auto-elétrico SP
8-2014-dez-streetview(2)– auto-elétrico SP
9-2015-05-12(3) – porta-malas
10-2105-05-12(14) – painel
11-2015-07-17(4) – rodas traseiras
12-2015-08-12(2) – dianteira
13-2015-08-12(4) - bancos
14-2015-08-12(7) – traseira
15 – 2015-09-10 - quase pronto
16-2015-09-18 – carregando
17-2015-09-24 – avaria na caixa da bateria
18-2015-09-28 – na oficina em RG
19-2015-10-20 – conserto caixa da bateria
20-2015-11-01- protetor de cárter e correia
21-2015-11-07 – saindo da oficina I
22-2015-11-11 – oficina II
23-2015-11-17 – oficina III
24-2015-11-18 – auto-elétrico RG
25-2015-11-25 - emplacando!
26-2015-12-06 – passeio no porto velho
27 – 2015-12-25 - passeio na praia (molhes)
28 – 2015-12-25 - passeio na praia (navio)
Parte V - Especificações:
Buggy Fercar Naja One 2015 (carroceria modelo Sumaya);
Motor VW EA-111 1.4L flex, potência 78/80cv (gas./álc.); Chassi tubular, suspensão traseira com molas helicoidais (GM Chevette); Suspensão dianteira e sistema de freios de Fusca; Caixa de câmbio de VW Brasília (BV), relação 8x33; * Caixa de direção de Fiat Uno; Amortecedores de Fusca (dianteira) e Kombi (traseira); Espelhos de moto (Yamanha YBR); Instrumentos Cronomac (velocímetro combinado, contagiros, temperatura e combustível); Volante Lotse modelo 70GT; Pedaleira Shutt de alumínio, modelo Play Black; Bancos concha da Fercar, com forração em dois tons da Francap (SP); Tapetes, capota e forro do porta-malas da Fancap (SP); Rodas gaúchas do Alemão de Bento Gonçalves-RS, 14x6 e 15x8; Pneus Hankook Dynamic RA03 255/60R15 e General Altimax RT 175/65R14; Estepe fininho com pneu de moto (Honda Biz) 100/80R14; Pára-choques e detalhes cromados; Pára-brisa laminado plano e degradê; Pára-sol de Puma; Faróis FortLuz, lanternas GF, piscas de Jeep/Rural; Cor amarelo Indianápolis da Fiat.
* caixa de marchas trocada por uma de Fusca 1985 (PT) rel. 8x31 em out/nov/2016.
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