Revista Autoesporte - Buggies de 2013
Revista Autoesporte, de março de 2013
Nesta matéria (Auto Esporte 2013) são mostrados os buggies em fabricação no ano de 2013 e os detalhes que cada um fez para manter-se no mercado. De lá para cá, algumas modificações aconteceram no mercado, desaparecendo algumas e surgindo outras. O Planeta Buggy tenta manter-se em dia, mas neste mercado é praticamente impossível.
A Revista Autoesporte é da Editora Globo e tem sempre boas matérias automobilísticas. Se visitar e ver algo mais de bugue por lá, avisa!
BUGUES SE MODERNIZAM PARA CONQUISTAR CONSUMIDORES MAIS EXIGENTES
Fabricantes investem em modelos com mecânica atualizada e itens de conforto que podem custar até R$ 62 mil
por TEREZA CONSIGLIO
A BRM trabalha atualmente com três modelos, que podem ser personalizados ao gosto do cliente. O BRM M-11 acelera até 120 km/h, possui carroceria em FiberGlass e motor de 1590 cc de 69cv.
Com ou sem emoção?
Muita gente já deve ter ouvido essa pergunta ao se embrenhar pelas dunas paradisíacas do litoral nordestino brasileiro a bordo de um bugue. Relativamente barato e com baixo custo de manutenção, até a década de 90 era comum encontrar o veículo nas ruas de qualquer cidade brasileira, entre automóveis e pequenos utilitários. Nos últimos anos, no entanto, sua atuação ficou mais restrita às cidades beira-mar e ao interior do país.
Na década de 1980, no auge, as montadoras de bugues somavam mais de 40 no país. Hoje, é difícil encontrar 10 delas. As razões para a queda são várias. A chegada de modelos importados mais modernos e o aumento no custo de produção desse tipo de veículo figuram entre as causa mais definitivas. O fato é que nesse período várias marcas deixaram de existir – como a cearense Marina’s – enquanto outras precisaram se reinventar, a exemplo da veterana BRM.
A nordestina Selvagem é uma das fabricantes mais tradicionais no mercado. O modelo mais completo, o Selvagem Sol HL, é vendido por R$ 62 mil
Transformação
Sediada atualmente na cidade de São Paulo, a BRM (que nasceu em São Bernardo do Campo) permanece entre as maiores fabricantes de bugues no país, com a produção de 20 veículos ao mês. O volume é bem inferior ao comercializado em 1986, quando chegou a 180 unidades. Mas, segundo Andreia Martini, uma das diretoras da empresa, o setor tem apresentado crescimento nos últimos anos. “A procura é grande. Nós produzimos uma média de quatro bugues por semana e a demanda tem crescido a ponto de nosso prazo de entrega chegar a 90 dias”, comenta a empresária, que comanda ao lado das irmãs Alessandra e Adriana a empresa fundada há mais de 45 anos pelo pai.
De acordo com Andreia, o ramo passou por uma profunda transformação, devido aos altos custos de produção e à dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. “Tivemos que terceirizar muita coisa, procurar fornecedores e até mudar de endereço”, explica. Por isso, a BRM acabou priorizando a qualidade em detrimento da quantidade. Segundo a empresária, hoje a maior parte de seus clientes está nos condomínios de alto padrão no litoral paulista, em lugares como Riviera de São Lourenço, Guarujá e Ilha Bela. “Para esses clientes, o bugue é uma espécie de brinquedinho de gente grande, usado para ir e voltar da praia, para presentear o filho no aniversário”, comenta.
Bugues equipados com mais emoção
As praias no litoral paulista também são o destino de quase 30% dos bugues fabricados pela Fyber. A montadora sediada em Fortaleza até chegou a fechar as portas em 1995, mas renasceu em 2003 pelas mãos de Hiderlandson Peixoto, um antigo revendedor que apostou na modernização do bugue para voltar ao mercado e driblar a concorrência composta por modelos importados, pequenos veículos 4×4 e quadriciclos.
O Fyber, que parte de R$ 35 mil, é equipado com motor Volkswagen 1.8 Flex, de 112 cv.
O modelo vendido atualmente pela marca trocou o motor de 60 cv por um propulsor flex de 112 cv, tem um sistema de direção mais leve e maior espaço interno. A fábrica, que emprega atualmente 18 funcionários, tem capacidade para produzir até 10 veículos por mês. Cada um sai de lá ao preço de R$ 35 mil. “Antes o bugue era escolhido até como o primeiro carro da família. Hoje ele é o terceiro ou quarto veículo de quem tem uma casa no litoral”, conta Peixoto.
Essa é também a impressão de Paulo Cavalcanti, proprietário da Bugre, outra tradicional fabricante sediada no Rio de Janeiro. Para ele, embora o bugue seja um carro com espírito jovem, a maior parte de seus clientes são “coroas”, na faixa dos 50 anos de idade. “São pessoas que quando mais novas sonhavam em comprar um bugue, mas não tinham dinheiro, e só agora conseguiram adquirir um”.
A empresa possui no portfólio três modelos que abastecem principalmente a Região dos Lagos, no norte do estado. Com 16 colaboradores, a Bugre consegue entregar sete carros por mês, mas pretende ampliar a capacidade da linha para 12 unidades até o final do ano. Para isso, está negociando um convênio com o SENAI para capacitar jovens profissionais e integrá-los à empresa.
A Bugre tem no seu portfolio três modelos que podem variar de R$ 27.700 a R$ 34 mil. O modelo Bugre VII traz carroceria em fibra de vidro e utiliza mecânica dos Volkswagen refrigerados a ar
Já os tradicionais bugueiros na região Nordeste do país ainda formam a principal clientela da Selvagem, famosa fabricante do Rio Grande do Norte. A marca, com mais de 40 anos de tradição na fabricação de bugues artesanais, chega a construir até 10 modelos por mês. “Mas já chegaram a 40 unidades há alguns anos”, comenta Margarida Santos, uma das sócias da empresa. Para ela, o que impactou definitivamente o setor foi o aumento no custo de produção e a falta de incentivo de governo para manter a atividade na região. A empresa ainda é a única responsável pela fabricação dos mais de cinco mil itens usados na montagem dos veículos. Diante desse cenário adverso, a saída foi apostar na modernização do produto.
Nenhum bugue Selvagem sai da fábrica por menos de R$ 52 mil, podendo chegar até R$ 62 mil, no caso do modelo mais completo da marca, o Selvagem Sol HL.
Bugues de luxo
Nota do Planeta: Não usamos o termo “bugue”, que não está errado, mas preferimos o termo original “buggy”.
Ao lado de outras marcas veteranas no mercado, como a Baby Buggy, no Rio de Janeiro, a Fibravan, no Ceará, e a Emis, no Rio Grande do Sul, há também uma novata no segmento: a Wake. Fundada em 2009, a fabricante curitibana passou por uma grande reestruturação no ano passado, da qual saiu certa de que era necessário investir em um produto mais moderno. A empresa aproveitou o Salão do Automóvel para lançar o novo Way SuperBuggy, um produto premium voltado às classes A e B.
O Way Superbuggy traz motor Volkswagen 1.6 Flex de 104 cv, suspensão independente nas quarto rodas e injeção eletrônica. O veículo pode alcançar até 150 km/h e parte de R$ 58 mil. (Foto: Divulgação)O Way Superbuggy traz motor Volkswagen 1.6 Flex de 104 cv, suspensão independente nas quarto rodas e injeção eletrônica. O veículo pode alcançar até 150 km/h e parte de R$ 58 mil.
“Nós identificamos nesse público o interesse em adquirir um veículo como o bugue, mas ele não atendia as exigências de conforto, modernidade e segurança esperados”, diz Marcos Celestino, diretor da empresa. Para ele, o mercado nacional de bugues acabou sendo limitado pela demora na modernização dos produtos, perdendo espaço para similares importados. Marcos explica que o setor demorou muito para se atualizar e permaneceu, por exemplo, utilizando a antiga mecânica do Volkswagen do Fusca.
A Wake está confiante com os novos rumos e agora pretende investir em um plano de expansão. Atualmente, a capacidade é de 10 veículos por mês, mas a empresa pretende dobrar esse número até o final do ano. “Até o próximo verão, esperamos aumentar a produção para 20, 25 unidades. Hoje, o nosso maior desafio não é relativo à demanda, mas sim a capacidade fabril para construir um bugue com os atuais padrões de qualidade e tecnologia”, comenta Marcos. Esse investimento em atualização de tecnologia se reverteu em um aumento no preço.
O Way Superbuggy equipado com motor 1.6 Flex (usado no VW Fox e Golf), câmbio de 5 marchas e suspensão independente nas quatro rodas pode custar de R$ 55 mil a R$ 58 mil. “O nosso desejo é que o bugue volte a ser um veículo desejado”.