Buggy na Imprensa – Terral na 4Rodas
As imagens mostram a reportagem original do Terral na 4Rodas. Logo a seguir está o texto transcrito pelo Planeta, com a grafia da época, inclusive o “bug”.
Esta reportagem foi escaneada e enviada para o Planeta pelo Flácio Humberto, que tem um Terral2 aqui no Acervo Virtual do Planeta.
Buggy na Imprensa – Terral na 4Rodas
Janeiro de 1983
O Terral Está Correndo. Sinta Esse Prazer
O Terral é um bug rápido, que lembra um carro de corrida pela agilidade.
Ele foi feito no Rio, para correr nos dias de sol.
Reportagem de Fernando Baldijão
Fotos de Milton Shirata
Dirigir o Terral pode ser emocionante. Tem-se a impressão de estar num carro de corrida, acelerando rápido entre outros veículos. Sentado rente ao chão, pernas e braços esticados, o motorista do Terral sente o vento bater contra o rosto, enquanto o asfalto bem perto desliza para trás.
O Terral Renha é um novo bug feito no Rio de Janeiro – onde se concentram os fabricantes desse tipo de veículo – pela Fibrario Comércio e Indústria Ltda. A produção atual é de quarenta unidades por mês e representa o número de pedidos feitos diretamente à fábrica (rua General Bruce, 201-A, São Cristóvão, tel. 580-7437 e 580-4323).
Ele pode ser montado com mecânica usada ou não, sempre da Volkswagen, com motor 1600 refrigerado a ar. Além de o cliente ter a possibilidade de fornecer a estrutura mecânica, pode também comprar o kit sem motor, câmbio, suspensão dianteira, rodas e pneus.
O Terral com mecânica nova custa Cr$ 1.425.000, a transformação sai por Cr$ 585.000 e o kit, Cr$ 598.000.
A Fibrario (que os donos chama de Fibrarrio)) oferece uma série de opcionais: pintura metálica, faixa lateral degradée, lanternas traseiras amarelas, vidro tipo Rayban, aerofólio, faróis de milha, espelho retrovisor do lado direito, painel com conta-giros e relógio medidor da temperatura do óleo – itens que podem elevar o custo final do carro em até cr$ 200.000.
Segundo Guilherme Richter, um dos três irmãos proprietários da firma, a maioria prefere o bug com todos os opcionais.
O terral é um projeto de Paulo Renha, criador do triciclo Renha e da picape Formigão -, que também dá assistência mecânica à fábrica. Ele tem chassi tubular em duplo Y, ao qual se prende a carroceria de fibra de vidro com oito parafusos. A suspensão dianteira é igual à da Brasília, e a traseira tem molas helicoidais e tensores em V reguláveis. Os amortecedores são os mesmos da Brasília, mas as molas helicoidais foram desenvolvidas especialmente para o Terral.
Freios, direção e tanque de combustível são originais VW, mas as rodas são feitas de antálio, com 6,5 de tala na frente e 9,5 atrás. As primeiras unidades saíram com rodas de 8 polegadas na traseira.
O Terral Renha é um carro pequeno: 313cm de comprimento, 165cm de largura e 120cm de altura. As bitolas e a distância livre do solo são as mesmas do Fusca, mas a distância entre eixos é de 197cm. Com gasolina no tanque e óleo no cárter, ele pesa 480 quilos.
Força e Economia
Embora não se tenha medido o consumo nem feito provas de desempenho com o Terral – o que normalmente só se faz durante um teste completo – ficou evidente que o pequeno bug é um carro econômico e rápido nas acelerações e retomadas de velocidade. Seus freios obedecem prontamente e não provocam desvios, parando-o em espaços curtos. A estabilidade direcional é muito boa, e o limite de aderência em curvas, no seco, bem alto. Quando começa a desgarrar, o Terral solta primeiro a traseira. Em pista molhada, obviamente, o limite de aderência é menor e depende muito mais dos pneus que do trabalho da suspensão.
Normalmente, carro sai da fábrica com a suspensão dianteira rebaixada em 5mm. Entretanto, um rebaixamento de 8 a 8,5mm – para quem usa o Terral predominantemente no asfalto – torna o carro muito mais agradável de guiar, permitindo tomadas de curvas mais firmes e seguras.
Por causa da pequena altura livre do solo e do tipo de pneus não é recomendável utilizar o Terral na areia. Aliás, a própria fábrica o define como “um carro urbano esportivo” e não como bug. O Departamento de Trânsito, entretanto, entende que o Terral é um bug e assim o identifica no certificado de propriedade. Mas, seja um bug ou um carro urbano esportivo, quem quiser usar o Terral na areia só precisa trocar rodas e pneus por equipamento adequado.
O Terral em que andamos tinha motor de 1600cm³, pintura metálica com faixa lateral pintada com cores degradées, faróis de milha presos sob o para-choque dianteiro, painel com conta-giros e relógio controlador da temperatura do motor. As rodas eram de antálio, aro 13. As dianteira tinham 6.5 polegadas de tala e as traseiras, 8 polegadas.
Quem olha o Terral de frente nota logo os faróis do antigo Chevette encravados nos pára-lamas salientes e angulosos – talvez a solução estética menos feliz do carro.
Sob os faróis, embutidas no pára-choque envolvente estão as lanternas e piscas dianteiros. Abaixo do pára-choque, o bem desenhado spoiler. O capô é liso e suavemente inclinado para a frente. Nele aparecem o logotipo e o bocal do tanque de combustível de 46 litros que fica sobre o eixo dianteiro. As linhas laterais da carroceria dão ideia de cunha: frente mais baixa que a traseira, pára-brisa bem inclinado e santantônio ligeiramente projetado para a frente. Entre as caixas de roda, cortando a lateral do bug, há uma faixa pintada com cores degradées.
Na parte traseira da carroceria existe uma tampa onde o logotipo Terral ocupa toda a extensão. Ele dá acesso ao motor e a um pequeno compartimento onde ficam a bateria, o estepe e a capota de lona destacável. As lanternas são do Gol e estão colocadas em posições invertidas e de cabeça para baixo: as que originalmente ficam à esquerda no carro da Volkswagen passaram a ocupar o lado feito do Terral e vice-versa.
Os pára-choques dianteiros e traseiros são incorporados à carroceria e pintados com cores diferentes do resto do carro.
O Terral não tem portas. Sua carroceria é moldada numa única peça, exceção feita à tampa do motor, ao santantônio e ao pára-brisa.
O acabamento do Terral é simples e bem cuidado. Internamente é forrado com tapete plástico. As laterais são de fibra de vidro e os bancos (também de fibra) são revestidos com uma capa de curvim.
O painel de instrumentos tem marcador de combustível, luzes testemunhas para anunciar descarga de bateria e falta de óleo no cárter, velocímetro, conta-giros e termômetro – os dois últimos opcionais. Na coluna de direção fica o comando das luzes indicadoras de direção. A chave de contato está no painel, sob o conta-giros, e ao lado dos botões de controle dos faróis, faróis auxiliares, limpador de pára-brisa e pisca alerta.
No painel, à frente do banco do único passageiro, há um pequeno porta-volumes, onde aparece o logotipo Terral Renha.
Posição Discutível
Motorista e acompanhante sentam-se quase à altura do assoalho, com amplo espaço para as pernas, mas a posição (pernas estendidas à frente do corpo e à altura do assento) pode cansar. Além disso, é impossível evitar que as calças se sujem ou se molhem (elas esbarram no assoalho) nos dias de chuva, já que a capota não proporciona boa vedação.
Aliás, o principal aspecto negativo do carro é seu uso em dias de chuva, por causa da dificuldade para entrar e sair com a capota instalada. Mesmo admitindo que o comprador de um Terral ou seu acompanhante sejam pessoas pouco preocupadas com conforto, talvez até gostem de fazer malabarismos, seria desejável que eles tivessem mais facilidade para entrar e sair, estando a capota instalada. Quanto às janelas de plástico, seriam mais funcionais se fossem operadas apenas com zíperes, sem os botões de pressão para complicar.
Para finalizar, ficamos sem entender como o Departamento de Trânsito carioca emplaca veículos zero km – como o eram os dois Terral em que andamos – desprovidos de cinto de segurança. Diante da nossa surpresa ao vermos que os carro não tinham cinto, foi-nos informado que nenhum Terral tinha cinto e que o “DETRAN não exige cinto nos bugs”. “Por que será?”
Comentário do Planeta – Terral na 4Rodas
Esta foi a matéria do buggy Terral na 4Rodas. Mantive a grafia da época na transcrição do texto da revista.
E algumas surpresas no texto. A primeira delas foi o fato de não ter cintos de segurança em plena década de 80! Ok, lembro de não usar no meu Opala, mas eles estavam lá.
Outra foi as rodas de antálio, que a matéria do Terral na 4Rodas cita algumas vezes. Não fazia a mínima ideia do que seria e pesquisei, descobrindo que era uma liga metálica desenvolvida pela Scorro para a substituição da liga de magnésio, então em uso. Encontrei até uma publicidade da época, no site da Puma Classic:
O Buggy na Imprensa
O Planeta Buggy tem coletado algumas matérias que saíram na imprensa brasileira e internacional sobre buggies.
Todas foram colocadas em uma página mestre, onde tem links para todas as matérias.
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